Where nobody hides "
(Envie seus sonhos /Onde ninguém se esconde)
Acredito que há tempo,
...eu acordei, sem dormir... ... sendo, o que não se é, fingindo o que se permite ser...
____________
PRELÚDIO
Prólogo, prefácio ou preâmbulo.
sim
eu escrevi
muito
mas tanto rancor
melhor foi esquecer
deixar nos cantos
____________
em tempos de tempestade,
Hoje,
eu acordei diferente.
sem mais,
Meu temporal desanuviou
o respirar dolorido
o suspirar sangrando…
meus não limites,
próximos demais ao limite.
Ademais,
acordei e sorri.
resolvi brindar meu sorriso
Barato,
assim, de graça.
Chandon.
o tempo passou tranquilo
E,
Hoje eu resolvi sair pra jantar sozinho.
lugar bem avaliado.
acomodado
Algo como:
“O Sr. já vai fazer o pedido ou vai aguardar alguém? ”
Alguém?
ninguém
Alguém…
Ninguém vai jantar sozinho?
Resolvi deixar meu sorriso barato
e meu olhar desanuviado
Olhei para todos os lados
e nenhuma mesa tinha alguém sem ninguém
Eu era o único ninguém sem ninguém.
Fiz o pedido
Mas procurei a fome
Não achei
Achei lágrimas escondidas
achei a distração
no sangue proveniente do pedaço mal passado
descobri meu não sorriso.
Voltei pra casa
Perdi toda fome
Ficou o gosto salobro que tentava esconder do taxista.
Em casa,
recebi uma mensagem:
“os abraços deveriam ser os únicos apertos que a gente deveria passar na vida…”
Desabei.
preciso visitar meu analista.
Receber minhas drogas
permissão de entender
por que
é impossível ser feliz sozinho?
____________
POSFÁCIO
Epílogo
resumo dos acontecimentos mais importantes
sim
eu escrevi
muito
mas tanto de tanto rancor
deixar nas frestas
____________
não quero
nunca quis
não preciso mudar
sou assim irregular
tenho uma tempestade
uma trovoada na língua
e uma turbulência, onde guardo as reações
entretanto,
posso ser acalento
tsunami em verbos
mas,
pluma em sentidos
anarquia
não flerto com ponteiro de relógio
odeio regras
e planos
faço piada
amo enfrentamentos
confrontos
gosto de discórdia
não levo nada tão a sério
“
Why so serious?
”
tenciono beijos
pós escarro
incomodo?
sim
incomodo
do combate?
vejo o brilho das cicatrizes
e do afago
reconheço o sublime entre as linhas
intenso
inconsequente
cínico
adjetivos que não me incomodam
prefiro reflexo
à arte
minha arte é marginal
vulgar
e minha mediocridade
é excêntrica
inédito
no corriqueiro
mas sou o tudo
do nada
e tão nada
frente à tudo
sofro na calmaria.
…
outrora
postei “há calma”
desconstruí
“
A calma vem da celeuma.
A calma encontra as frestas do calor da discussão.
A calma é acalorada. É algazarra de fim de noite.
A calma é prima da polêmica.
A calma vem dos pensamentos sórdidos de noites mal dormidas.
A calma é arrebatadora.
A calma faz chorar, doer.. é um louco, demente.
A calma vem singela jogando charme.
E conquista como um desejo sexual.
A calma é ereção.
O gozo é o desamparo.
O cigarro, o desapego.
A vida é casual.
A calma é o sucesso do acaso.
A calma vem do desespero do vício
A calma vem do segredo da dúvida.
”
busco
em frestas
cantos
fissuras
brechas
onde estaria a calma?
talvez,
bem perto de Hypnus,
que rouba meu sono,
ou do juízo
que foi comprar pão,
nunca mais voltou.
onde estaria a calma?
na rua
que não consegui mandar ladrilhar
…
mantém-se empoeirada
absorta de consequências.
…
Se a felicidade fosse uma festa,
eu seria o inconveniente,
que mostra a janta
pré digerida
no tapete de entrada.
Da calma,
eu prefiro uma dose de desassossego.
Tenho uma quedinha pelo drama.
-
Quando sofremos uma grande perda,
Ou somos vitimados por catástrofes individuais
As pessoas nos consolam,
com as melhores intenções:
“Tudo passa.”
-
Na verdade,
nada passa.
Deviam dizer que:
tudo muda.
-
Devagar, comecei a pensar nas minhas desescolhas.
Afinal, pra que serve a vida?
Para nos perdermos logo adiante?
Sim, perdidos, logo adiante.
Descobrir-se vivo,
começa pela escuta dos ecos do caminho.
Nos fazem acreditar em uma única versão.
Mas, crescer, é quebrar a sucessão de guias práticos.
Difunde-se que muito do que sentíamos,
não devíamos sentir.
É uma busca desenfreada,
pela felicidade na tristeza.
Eu me sinto muito bem,
assim,
perdido.
Eu sei usufruir do gosto salobro de minhas lágrimas.
-
Foucault:
“Não estou, absolutamente, lá onde você está à minha espreita, mas aqui de onde o observo, sorrindo.”
-
O contraditório é fantasia.
Fantasia são taças de Chandon.
Desfiles de grife em filas de boate.
Vale a pena?
Só se suporta quando se engole pílulas?
Papéis inertes sobre a água,
que desfazendo-se,
podem afundar de repente,
ou, ser levados pela correnteza.
Sou estranho.
Impróprio.
Alheio
Leigo.
Mas não é normal, que quase todos, estejam sempre sorrindo.
Sorrisos impondo sua vontade e exigindo que se obedeça.
Armados até os dentes.
Os meus, amarelados, acovardam-se.
Eu penso demais.
O sexo dos anjos,
o ovo ou a galinha,
como foram construídas as pirâmides?
o que houve com os Maias?
onde estará Atlântida?
o Santo Graal?
a arca de Noé?
Deus?
medo da morte?
do depois?
de onde vem os sonhos?
quais locais que nunca irei?
quem conhecerei amanhã ou no próximo mês?
quem?
Eu definitivamente penso demais.
e incomoda um pouco.
-
Domingos são introspectivos
segundas tem aroma de esgoto.
“
não é esperar o tempo
implorar a volta ao passado
mas sim reclamar do ontem
que ainda não veio
dos sentimentos que não queremos
dos momentos que passamos e não vivemos
pras bandas de lá ventava
ventava saudade
ventava coisas que não explico
e o vento leva tudo que não queremos apagar
”
ventava, postado em 4 de março de 2008.
“
…não dizer apenas o que se quer ouvir... vomitar o que penso... mas às vezes por aqui (mundo real) eu calo.
”
algo a dizer, postado em 4 de março de 2008.
“
"Deus lhe deu inúmeros pequenos dons que ele não usou nem desenvolveu por receio de ser um homem terminado e sem pudor"
”
longe de tudo, postado em 15 de março de 2008.
“
Um cavalo estafado deitado num canto da esquina, sangrava nas pernas tortas que sob o corpo pareciam ter a possibilidade de se romper a qualquer momento, gerando uma angústia daquelas que nós faz engolir seco e regurgitar um som que não sei muito bem como definir.
(…)
um atropelamento. Não. Era somente cansaço, fome e o olhar estava justificado.
(…)
O animal tentava se recompor a todo custo e nesta tentativa inútil cada vez mais se feria.
(…)
simplesmente uma tentativa de sobreviver
(…)
tive vergonha não só por mim mas por todos que ali se aglomeravam.
(…)
Não sei. Há coisas que realmente é melhor esquecer.
”
o menino e o cavalo, postado em 16 de março de 2008.
“
Destruição natural da natureza que não é divina
(…)
Opção da vergonha do filho, refletida na pupila do pai
Abnegação impiedosa da pré-moral instintiva.
Hábitos poderosos nos jejuns impostos e recorrentes
(…)Omissão no privilégio raro das máscaras que não refletem.
Eu confesso o eterno mal-entendido.
O silêncio do jogo
O sofrimento que ele proporciona.
Nem Patrocínio
Nem Ouro Preto
Nem feliz
Nem triste
”
barbárie cotidiana, postado em 18 de março de 2008.
“
Sou isto e aquilo que incomoda.
”
quem sou eu, postado em 19 de março de 2008.
“
às vezes eu acho que a democracia de hoje é muito mais ditatorial
ninguém enfrenta a máscara democrática...(…)
a leve esperança,
a área esperança...
área, pois não!
peso mais pesado
não existe não.
ah, livrai-me dele,
senhor capitão!
”
demos, postado em 20 de março de 2008.
“
A febre faz-me cafuné.
A libido da aguardente,
transforma a panapaná em lixo,
xenofobia do nômade em lírio.
O sim que desengana,
na palavra que fica.
”
panapaná incoerente, postado em 25 de março de 2008.
“
Clarice Lispector
(…)
Sonhe com aquilo que você quiser.
(…)
As pessoas mais felizes não tem as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos.”
amigos que sabem de Clarice, postado em 26 de março de 2008.
“
… incidente capaz de provocar uma declaração de guerra.
(…)
probabilidade de mudanças radicais de humor. Instável. Eu confesso que minha condição bipolar proporciona situações de conflito internas que causam uma dor incessante.
(…)
O que me proporcionou prazer outrora, agora me proporciona um desprezo descomunal.
”
casus belli, postado em 31 de março de 2008.
____________
Resolvi reler todas as 210 postagens do momentos desinteressados (MD).
Vale mencionar que este blog, criado em 4 de março de 2008, ou seja, após 1981 dias, tem sido o meu muro de ideias, revoltas e impressões.
Me identifico muito com ele, apesar de confessar que é muito “pseudo-cult”. Mas é minha forma de expressão mais verdadeira. É minha arte.
Apesar da cena pseudo-arte e nada pop, tenho amigos que sempre visitam e entendem mais da pessoa atrás do teclado.
MD reflete muito dos meus sentimentos mais verdadeiros e, é através dele, que enxergo o reflexo de todas as minhas mudanças.
Nestes 1981 dias, é verdade que tive poucas visitas, 5956 visitas. A postagem mais visitada teve 352 visualizações e a menos visitada 17.
Neste período, de 5 anos e meio, tive outros 3 blogs dos mais variados assuntos (balada, sexo e tv), mas, em relação aos quais não me identificava o suficiente.
Em um destes outros blogs, já extinto por sinal, em uma única postagem recebi quase 2000 visitas, ou seja, quase 50% de todas as visitas ao MD.
Em relação a outro, recebi uma notificação (ameaça) de processo judicial.
Já o MD é carrancudo.
Não prima pela beleza, não prima pela popularidade, prima pelo que tenho vontade e quando tenho vontade.
O MD nunca foi obrigação, é um prazer que alivia meus momentos de ansiedade e tristeza, na maioria das vezes.
Por longos períodos, ele foi simplesmente deixado de lado, não tinha o que transparecer quando o mundo de cá do teclado era suficiente.
Por diversas vezes, deixei de publicar algumas coisas.
Eu escrevo sempre, gosto do barulho de teclado e do espaço no papel ocupado.
Na caixa de rascunhos, que mantenho, existem outros 343 textos inacabados, poemas, impressões ou simplesmente vômitos desconexos.
Assim, no beiral do precipício dos 30 anos, resolvi enovelar minha vida através de trechos que ainda significam muito presentes nas 210 postagens.
Não quero mudar a desordem de minhas coisas, então, não sei quantas postagem serão necessárias para replicar tudo que foi assim “desinteressado”.
Talvez, nem haja outro post.
Porque o importante aqui é ter desinteresse e desobrigação.
Quem já acompanhou algumas postagens ou me conhece, sabe que as regras me incomodam.
Transgredir.
Félix (Mateus Solano), é vítima.
Infelizmente, esta história é contada na novela das 8 porque foi a nossa ignorância – a minha e também a sua – que destroçou a vida dessa criança. E tem destroçado – às vezes em brutal literalidade, com tiros e pancadas – a vida de muitos – demais.
É espantosa a quantidade de dor que pode caber numa vida apenas por causa da ignorância.
Da nossa ignorância.
Uns relevam e vivem.
Outros fazem vítimas, como Félix.
Nunca me senti tão angustiado assistindo o que sei por vivência, o que é completamente real.
Todos permitiram, por ação ou omissão, que muitos Félix fossem agredidos, acuados, encurralados e, por fim, exilados.
Ou, como ele, revidam.
Parabéns Walcyr Carrasco pelo “Amor à Vida”.
O maior problema é que o revide de alguns Félix, reverberam sobre a comunidade de excluídos, condenados a viver nos "Gaytos". Joãos, Josés, Pedros, Felicianos, Malafaias.... muitos…
Tá, eu assisto novela das 8. Sempre. É o reflexo da vida depois que se levanta do sofá.
Nem por isso deixo de entender o que se passa por trás da interpretação de moços e moças belos da TV Globo.
Então, vou usar isso para ser um pouco "pseudo-intelectual".
Já ouviram falar em Édipo ou em Síndrome do Pai ausente?
Há algum tempo, quando precisei entender mais que Madonna e Gaga, eu li isto:
“
COMPLEXO DE EDIPO E A "SINDROME" DO PAI AUSENTE
Em seus estudos sobre o inconsciente, Freud traça um paralelo entre a estória de Édipo Rei, da antiga Grécia, e a formação do psiquê humano; lançando as bases do que viria a ser denominado Complexo de Édipo. Desde essa formulação, estudiosos vem se debruçando sobre o tema, aprofundando as reflexões de mestre.
O complexo de Édipo se desenvolve ao longo da vida do indivíduo. Premido pelo escolha entre as exigências impostas pelas forças exógenas da Família, sociedade, religião, leis, etc..., de continência ao prazer individual, e o desejo do indivíduo pelo prazer sem limites; o conflito do Édipo mal resolvido pode ser fonte de angustias, neuroses, perversões e outras formas de distúrbios psíquicos e de comportamento.
No seu processo de amadurecimento, Paradoxalmente, o indivíduo opta em limitar o seu prazer pela garantia de manutenção do próprio prazer, ou, pelo menos, de parte do prazer que lhe é permitido por essas mesmas forças exógenas (Do convívio social, da aceitação, integração no grupo a que pertence, etc....). Assim, para garantir o pouco prazer que lhe é permitido, passa o indivíduo a limitar-se, abrindo mão dos prazeres que lhe são proibidos. Essa submissão é uma das possíveis saídas do Édipo. A negação do prazer proibido e da submissão às forças exógenas encontra o seu ague na infância; sendo essa fase chamada de latência; pois os desejos de satisfação dos prazeres negados se encontram latentes e reprimidos no Id.
Através da abstinência, ou a da continência dos prazeres (Ou de situações prazerosas), abstendo-se de obter prazer de modos e em condições que não lhe são permitidos, o indivíduo mantém a possibilidade de obter prazeres que não lhe são negados; ou até mesmo oferecidos, em contrapartida aqueles que ele se abstém de obter voluntariamente.
No modelo do Édipo, criado por Freud, a busca do prazer é representada pelo desejo para com a mãe; e a sua negação pelas forças exógenas é representada pela figura paterna; que, detentora do poder, que afasta a criança da mãe (Sua fonte de prazer). Dessa forma criam-se duas figuras: Uma potente e capaz de satisfazer os próprios desejos; que é o pai; e outra impotente, mesmo que não totalmente satisfeito, que submete ao poder do pai, buscando assim garantir o carinho da mãe, que é o filho.
Dessa forma, as situações de negação de prazer por forças externas, é remetido à situações vivenciadas na infância de disputa da criança com o pai pelo tempo e atenção que lhe é dada pela mãe.
No clássico grego, a saída do Édipo se dá quando o filho (Édipo) mata o próprio pai (Lion) e toma a própria mãe (Jocasta). Esse ato tem como consequência o condenar de Édipo a vagar sozinho sem rumo, após ele mesmo ter furado os seus próprios olhos em castigo.
Assim, o clássico de Édipo Rei, nos remete ao aviso de que, a procura do prazer sem restrições, sem considerar o outro (Nos tornando cegos para o mundo à nossa volta) nos leva inexoravelmente à solidão pela exclusão do convívio social, o qual deixamos de respeitar na nossa procura por esse mesmo prazer.
Creio que, a saída saudável para o Édipo, é o indivíduo, ao se tornar adulto, entender que as regras (Forças exógenas) não tem caráter onipotente; ou seja: As regras são referenciais feitas pelas Homens (Seres humanos ADULTOS) para a manutenção do convívio social e podem (E devem) ser negociadas entre os membros de uma mesma sociedade. Ao tomar o seu lugar na sociedade, como ser humano adulto, a ex-criança, agora adulta, se torna também PAI (Inclusive no sentido biológico), emanador das regras negociadas com seus iguais.
Entendido tudo isso, gostaria de analisar uma situação especial de Édipo que é o PAI AUSENTE.
Não raro, dentro da nossa sociedade, a figura do PAI AUSENTE se dá; ou por separação, ou por morte do mesmo. O PAI AUSENTE, dependendo da família, pode se tornar MAIS PRESENTE do que se fisicamente estivesse convivendo com a mesma em sua normalidade.
O que apelidarei aqui de "SINDROME DO PAI AUSENTE" se dá quando, ao sentir-se impotente para a manutenção da disciplina da prole, a mãe evoca a presença de um PAI VIRTUAL, que passa a existir dentro da família. Frases como: SE O SEU PAI ESTIVESSE AQUI... ou O SEU PAI MANDOU..... ou NEM PARECE QUE É FILHO DE FULANO.... e assim por diante, incutem na criança um PAI VIRTUAL sempre presente e muito mais "castrador" do que um pai físico, com o qual ele possa se confrontar na procura de seus limites e identidade.
Dessa forma, o PAI AUSENTE se torna na verdade um PAI UNIPRESENTE; existente em todo o lugar; virtuoso e sem defeitos, incansável e imbatível; que o filho, por nunca poder derrotar ou superar, se rende e se submete. Esse "super pai" acompanha o seu filho por toda a vida; que procurando "agradá-lo", para obter a sua aprovação (Que nunca conseguirá), se torna o exemplo de "bom filho"; sempre obediente às regras, as leis, aos horários; se submetendo à imposição das forças exógenas; gerando o que se pode chamar da "SINDROME DO ETERNO FILHO".
A "Síndrome do Eterno Filho", na vida adulta, é reforçada com elogios tais como: "Seu pai ficaria orgulhos de você". "Você é um modelo para os seus irmãos e colegas". "Queria ter um filho assim". "Você é o filho que eu nunca tive"; e assim por diante. Além de reforços externos, o indivíduo se vê compelido a continuar como ETERNO FILHO pelas vantagens que isso lhe trás; tais como:
1) Ele não tem que assumir uma posição de adulto; fazendo escolhas (Uma escolha sempre implica em não realizar uma das possibilidades- Aquela preterida- E por isso gera um sentimento de perda).
2) O indivíduo NUNCA É CULPADO; pois se sempre faz o que lhe pedem, ele não pode ser culpado pelas consequências do que advém de errado na sua vida. Assim o culpado é SEMPRE O OUTRO.
3) O indivíduo não necessita pensar; somente obedecer. Alguém sempre lhe dirá o que fazer.
4) Sentimento de impotência para resolver os problemas sociais e institucionais (Afinal a sociedade e as instituição são o grande "pai" , e não se deve desafiar o pai).
Dessa feita; deve-se lembrar que, nos dias de hoje, o pai está AUSENTE. Isso se dá não somente por condições de morte ou separação. Em muitas famílias, hoje, temos pais que, mesmo vivos e casados, se encontram ausentes; não participando da vida familiar; repassando esse modelo para os seus filhos. O pai ausente é uma das poucas condições que não permitem a saída completa do Édipo; podendo desencadear esses e outros problemas da "síndrome" acima; fazendo com que a pessoa se torne o "eterno filho"; sem assumir a sua posição de adulto responsável e SUJEITO do próprio DESTINO. É o sentenciar do sujeito á eterna posição de vítima; de objeto e força de manobra das instituições que, em nossa sociedade, se encontra tomada por forças inenarráveis.
Assim, por ser potencialmente benéfico aos sistemas (Que são PAIS SEMPRE PRESENTES), a "síndrome do pai ausente" pode estar sendo introjetada dentro da nossa sociedade por grupos que tem muito a ganhar com isso (Creio que mesmo que inconscientemente, todos nós procuramos aquilo que nos traz prazer e felicidade). Fica aqui um ponto de alerta e reflexão para os psicólogos e pais: Estamos formando uma sociedade de "ETERNOS FILHOS".....
”
E, depois disso, dizer o quê?
O capítulo do dia 01 de agosto de 2013 da novela do horário nobre do maior meio de comunicação do Brasil foi simplesmente antológico. Ao menos, para mim e tantos outros em armários, semi armários, becos e esquinas.
Nós estamos aí, ali e lá.
Escondidos, escancarados, escrachados…
Tímidos, cínicos, irônicos, felizes, tristes, coloridos e em preto e branco.
Muitos em preto e branco.
Com uma dor tão grande de ser.
(Vocês não imaginam)
Não ser igual, dói muito.
Imaginar que nem mesmo em casa você é igual é como estar com os pés nas nuvens.
Ademais, parabéns e minhas reverências a Walcyr Carrasco e sua novela “Amor à Vida”.
Hoje eu senti o abraço de Pilar (Susana Vieira) e Bernarda (Nathalia Timberg) ao aceitarem Félix. E o abraço verdadeiro do filho, Jonathan (Thalles Cabral).
Não sejam César (Antônio Fagundes).
Sejam um Pilar.
Para quem não viu….
Obrigado Félix: http://tvg.globo.com/novelas/amor-a-vida/videos/t/extras/v/divirta-se-com-o-jeitinho-felix-de-ser/2674394/
(Foto:Pedro Chavedar)
Os momentos históricos são diferentes, mas o que está acontecendo em São Paulo precisa ser discutido do tamanho que merece. Manifestantes não podem ser presos sob acusação de formação de quadrilha, crime inafiançável. Se isso vier a prevalecer, estaremos entrando num cenário de ditadura contra a luta social. Será um novo AI-5, o instrumento que faltava para a tão sonhada criminalização dos movimentos sociais que vem sendo arquitetada há tanto tempo pelas forças conservadoras do país. E que ganhou hoje o apoio, em editorial, da Folha e do Estado de S. Paulo.
Na última terça-feira foram 20 presos. Hoje, fala-se em mais de 60. Muitos deles jovens que carregavam apenas vinagre para se defender do já previsto ataque de bombas da Polícia Militar. Entre esses que carregavam vinagre, um fotógrafo da Carta Capital.
O jornalista da Carta Capital já foi solto, mas a grande maioria dos jovens ainda está amargando o gosto da cela. Quem não está sendo acusado de formação de quadrilha, pode obter a liberdade pagando 20 mil reais.
Ou seja, a partir de agora quem for para a rua lutar é bandido de alta periculosidade. E o pior disso tudo é que tem gente que se diz de esquerda que está aplaudindo essa ação nefasta.
Cansei de ver os metalúrgicos do ABC parando a Anchieta para reivindicar aumentos. Cansei de ver os bancários de São Paulo fechando as ruas do centro de São Paulo em suas campanhas salariais. Participei de greves gerais convocadas pela CUT e que interrompiam avenidas de todo o país. E muitas vezes vi gente com pedaço de pau e o que tivesse na frente indo para cima de policiais e da cavalaria. E também vi muitos sindicalistas com o rosto jorrando sangue.
A polícia brasileira sempre foi violenta com os movimentos sociais. E é essa violência que estamos assistindo contra os manifestantes no centro de São Paulo que está engordando o caldo das manifestações do Passe Livre. Essa violência que o jovem da periferia vive no seu cotidiano é também a gasolina dos protestos. Não é só os vinte centavos.
Muito mais gente vai para a rua da próxima vez. E Alckmin está dando risada. Porque isso vai fazer bem para a sua popularidade. Afinal, em São Paulo há um eleitorado que quer o xerife na rua. Quer ver sangue. E quer ver quem luta, quem protesta, quem para avenidas, na cadeia. Que sonha em ver a extinção “dessa raça”.
A questão é que se os movimentos sociais que não estão diretamente envolvidos nos protestos atuais aceitarem essa criminalização absurda do Movimento Passe Livre, estarão assinando o seu atestado de óbito. Quando quiserem lutar serão tratados da mesma forma.
A não ser que já tenham abdicado da luta como um instrumento de construção de uma sociedade mais justa. E aí também já terão assinado seu atestado de óbito. Movimento que não luta numa sociedade tão desigual como a nossa não é movimento.
Para o movimento social agora não é hora de se discutir os exageros. É hora de defender os direitos. O que está em curso é muito mais perigoso do que pode parecer à primeira vista. A continuar assim, em breve, líderes sociais estarão sendo presos acusados de terrorismo.
”
(destaques meus)
O MEIO / O PÚBLICO / O APERTO:
O texto traduz.
A noite frente a insurreição.
Ironia foi despertar-me “a ferramenta de alienação em massa”
Globo News
(nunca, antes, passei tanto tempo sem usufruir da magia do controle de TV a cabo)
Deveras…
Surpresa!
Eles existem…
E ,
com exemplo árabe,
visto no Jornal Nacional,
eles estão na rua.
Eles não.
Cada um daqueles,
ali na Consolação ou correndo pela Augusta,
é um pouco de mim,
ou de você.
Ele sim é brasileiro que não desiste nunca.
E,
ele,
eles,
muitos,
a maioria num país desigual,
cansados de gritar gol,
vomitam na minha e na sua cara,
com português errado,
de escola pública,
sem Aurélio,
a melhor definição que se pode dar a palavra: CIDADÂO.
Quanto vale os sonhos?
Qual é o meu mundo?
Qual é o seu mundo?
Outrora,
na Paulicéia,
ex-presidente foi sindicalista,
bloqueou rua para bife de alcatra na mesa,
quiçá filé.
Cadê o Lula?
Evaporou?
Sumiu?
Ou,
não sabe de nada,
não viu?
E,
quando “mainstream”,
hipster,
era ser hippie,
no cinza da farda no comando,
sob A.I.5 e mãos pesadas,
a presidenta era torturada.
Sem eufemismo:
uma violação dos direitos políticos de todos os cidadãos brasileiros.
Presidenta?
“Atenção ao dobrar uma esquina
Uma alegria, atenção menina
Você vem, quantos anos você tem?
Atenção, precisa ter olhos firmes
Pra este sol, para esta escuridão
Atenção
Tudo é perigoso
Tudo é divino maravilhoso”
No poder,
nem tudo é tão divino e maravilhoso?
Haddad?
Quem?
E,
chuchu de São Paulo,
digo,
governador de São Paulo?
Confesse!
Comemoras!
Carros populares,
parados,
a classe média assustada,
a derrocada petista
e os votos no ano que vem.
Ah!
Estes arruaceiros!
Uma quadrilha!
Crime inafiançável!
E,
quando direita e esquerda,
PSDB e PT,
pseudo-situação e pseudo-oposição,
se fitam,
nenhuma surpresa,
descobrem-se vaidosos,
frente ao espelho.
PT, PSDB, PSB, PR, PSC, DEM
e toda a porcaria nacional geralmente precedida de P
chafurdam.
Enquanto,
“Eu pago
Tu pagas
Ele gasta
Nós pagamos
Vós pagais
Eles torram”
Ah!
E,
permitem a cobrança simbólica pelo transporte público.
Oferecem Sistema público de saúde.
Segurança.
E,
muita Educação.
…
Tem quem grite GOL.
E,
há quem acredite na REVOLUÇÂO.
…
Do povo que esquece rápido,
eu,
ainda me lembro,
PODE TUDO
ensinou que quadrilha não é compra de votos do legislativo?
Quadrilha é exercer cidadania.
E,
no Código Penal da cidadania,
hediondo é permanecer com a bunda no sofá.
.
O DESTINO:
“… os distúrbios desta quinta-feira começaram às 19h10m, pela ação da polícia…”
“O Brasil descobriu nos últimos dias que a tropa de elite dos altos escalões da República que combate a verdade é mais forte e abusada do que se imaginava. ”
“O fundamental é que estamos vivendo uma brutal ofensiva do pensamento conservador, que coloca em risco muitas décadas de conquistas civilizatórias da sociedade brasileira.”
“Uma repórter do jornal Folha de S. Paulo foi baleada no olho com uma bala de borracha.”
“Sempre vai haver quem prefira como modelo de estudante exemplar aquele sujeito valoroso que trabalha na firma das 8 da manhã às 6 da tarde, pega sem reclamar o metrô lotado, encara mais quatro horas de aulas meia-boca numa sala cheia de alunos sonolentos em busca de um canudo de papel, volta para casa dos pais tarde da noite para jantar, dormir e sonhar com um cargo de gerente e um apartamento com varanda gourmet.”
“Desde a Antiguidade, esses
jovens ingênuos e
irresponsáveis são o sal da terra,
a luz do sol que impede que a
humanidade apodreça no bolor
da mediocridade, na inércia do
conformismo, na falta de
sentido do consumismo
ostentatório, nas milenares
pilantragens travestidas de
iluminação espiritual.
Esses moleques que tomam as
ruas e dão a cara para bater
incomodam porque quebram
vidros, depredam ônibus e
paralisam o trânsito. Mas
incomodam muito mais porque
nos obrigam a olhar para dentro
das nossas próprias vidas e,
nessa hora, descobrimos que
desaprendemos a sonhar.”
Eles vieram.
(quase 30)
Tal qual nazistas,
ditadores da moral.
Tão democráticos,
que boçais, dissemos amém.
E,
quem nunca teve fantasias comunistas?
Infelizes,
acordamos cedo para trabalhar.
“Olha lá, quem vem do lado oposto
Vem sem gosto de viver
Olha lá, que os bravos são
Escravos sãos e salvos de sofrer
Olha lá, quem acha que perder
É ser menor na vida
Olha lá, quem sempre quer vitória
E perde a glória de chorar
Eu que já não quero mais ser um vencedor
Levo a vida devagar pra não faltar amor”
e,…
“Você precisaVocê precisa
Saber da piscina
Da margarina
Da Carolina
Da gasolina
Você precisa
Saber de mim
Baby, baby
Eu sei
Que é assim
Baby, baby
Eu sei
Que é assim
Tomar um sorvete
Na lanchonete
Andar com gente
Me ver de perto
Ouvir aquela canção
Do Roberto
Baby, baby
Há quanto tempo
Baby, baby
Há quanto tempo
Você precisa
Aprender inglês
Precisa aprender
O que eu sei
E o que eu
Não sei mais
E o que eu
Não sei mais
Não sei
Comigo
Vai tudo azul
Contigo
Vai tudo em paz
Vivemos
Na melhor cidade
Da América do Sul
Da América do Sul
Você precisa
Você precisa
Não sei
Leia
Na minha camisa
Baby, baby
I love you
Baby, baby
I love you”
Hoje, recebi a visita de um dos meus melhores amigos.
"oVo Bárbaro".
Aliás, ele sempre me cobrava que eu nunca tinha lhe convidado para conhecer minha casa...
Ansioso como sempre, "oVo Bárbaro" foi correndo conhecer a vista da sacada.
Ficou todo satisfeito quando lhe ofereci bebida...
Entretanto, "oVo Bárbaro" pensou ser suco... de uva...
Aliás, ele tem um histórico raro de alcoolismo com suco de uva... caso raro.
Sua mãe, coitada, nunca sabia quem secava aquelas garrafas...
Mas, deu as costas ao White Horse.
"oVo Bárbaro" cuidado... ahhhhh... - vai que gosta… -
Horse = Cavalo...
"oVo Bárbaro" marejou os olhos, quando, curioso, identificou meu gel de cabelo...
Lembranças difíceis, jovem com 20 e poucos anos, que viu todo o pelo cair...
- Acontece amigo!
- Alguém já achou pelo em ovo?
Para distrair, liguei o som. E, ainda com os olhos marejados pela visão do gel, e uma invejinha básica de meus fios lisos e abundantes, "oVo Bárbaro" pediu que abaixasse o volume...
Não conheço ninguém que trabalhe tão bem com protetor auricular...
E, comum, ficou satisfeito demais quando lhe ofereci um Ferrero Rocher...
Difícil achar uma pessoa que goste tanto assim de chocolate...
Talvez, seu sonho deva ser "ovo Bárbaro de páscoa"...
ahhhh...
E, sério, apesar de toda a minha galhofa, esta é uma homenagem a um amigo.
Tão importante para minha lucidez.
Mal sabe ele, o quanto ele trás serenidade para minha postura desequilibrada.
Se, um dia, nossa amizade for carregada pelo coelhinho da páscoa, dos nossos destinos, quero que saiba: tenho plena certeza que é um raro amigo de verdade.
E, entre nossos espasmos de conflito e afago, de nossos conceitos mais diversos e, proporcionalmente próximos, de todas as farpas, de toda a admiração… resta algo tão simples como um abraço. Apertado. Amigo.
--------
Eu sabia que um dia esse texto iria surgir.
Mas nunca imaginei que seria uma fotonovela cômica.
Obrigado por tudo Sr. Bárbara, aliás, “oVo Bárbaro”.
Meu trabalho me proporciona conhecer lugares que nem nossos representantes democráticos imaginam existir.
Todos aqueles olhares, quando torno-me presente, são um desnudamento de seu isolamento. São olhares curiosos, vis, agradáveis, suplicantes, desconfiados, esperançosos.
Mal sabem eles o quanto doem.
Há escondido no Brasil-Central uma infinidade de invisíveis, deslocados e absortos da realidade infame de grandes centros.
Uníssonos, tem o cotidiano na mais enfadonha espécime do padrão-vida.
Nascer.
Crescer.
Correr pelas ruas empoeiradas da infância.
Púbere, descobrir as leis instituídas pela sociedade conservadora.
Adolescer e sonhar com a transgressão.
Fantasiar um mundo fora daquelas cercas.
Curvar e submeter-se ao aceite daquelas cercas altas, inversamente proporcionais aos anos de estudo.
Os transgressores, o gado xucro, e poucos, transpõe aquele emaranhado de conceitos e valores doloridos. Estes, apaziguam o potencial transgressor, contentando-se ao subúrbio, as margens, abastecendo os carros que nunca terão. Contemplando e construindo as torres altas de condomínios para os quais nunca serão convidados.
Aos possíveis homossexuais, após o peso do conservadorismo, deve restar se travestir e frequentar o submundo da Paranaíba ou da região dos motéis na saída para Minas. É certo que alguns preferem um mergulho sem volta no Rio que passa lá de “trabanda”, cortar os pulsos ou deliciar-se com o sabor amargo dos agrotóxicos da fazenda do patrão dos pais.
A grande maioria resta carpir.
Entre uma colheita e uma ordenha, desfrutar dos prazeres carnais que o corpo proporciona. Arriar calças puídas e embebidas em odor de esterco. E, entre remanescentes de mato, nas margens de rio, no meio de um pasto, gozar.
Masturbar-se com desejos mundanos pela prima que mora na fazenda de coronel A ou B. Fantasiar com a filha da vizinha, Dona Joana, Maria ou Ana. Aquela mesma menina, que, quando sem seios, contemplava, companheira, a decadência da poeira depois da passagem de um carro. Aquela mesma menina que humilde esperava demais na submissão da vida o seu príncipe encantado.
Namorar em moldes da década de 70. Ou, fugir, de noite, para os fundos da única escola, desativada. Ali, sentir o prazer, que não imaginava que o descaso com um espaço público pudesse propiciar. Ali, onde as meninas imaginavam outro fruto de seu sexo, passar uma vida, despejar o resultado do rompimento de seu hímen.
Os avós e pais são aqueles que, tal como a vingança num prato frio, saboreiam o pesadelo dos filhos de casar jovens e ter a mesma existência que tiveram.
E, deste dessabor, tudo se repete.
Casamento, sexo, falta de expectativa, filhos, desamparo, ausência de princípios básicos. Saúde e educação? Cadê? A poeira do conformismo de ruas esburacadas encobriu.
Trabalho no campo. O patrão é o coronel, seus filhos ou seus netos.
Invariavelmente envelhecem. Sem médico, numa espera infindável, numa fila, sem perspectiva, do único posto de saúde do povoado. O postinho - casinha de dois cômodos, que, há muito, parece não frequentada.
Não consigo desvincular daquela casa de saúde a imagem de uma caçamba de entulhos, abarrotada. Provavelmente, ali repousava desde uma reforma da década passada. Naquela calor que beira a insalubridade, num ambiente sem cor, empoeirado, destacava-se uma flor amarela. Grito de uma planta transgressora, que resolveu, infame, desafiar o presente e denunciar a quanto tempo aquele entulho estava ali.
Morrem. E descansam no único espaço daquele distrito onde patrão e povo-gado são iguais. O povo-gado debaixo de um amontoado de terra. O patrão na caixa fria de mármore. Tão fria como toda sua vida.
Este texto é fruto de uma visita a um povoado que visitei em função de um dano ambiental propiciado por uma empresa de mineração que se instalou ali. Interrompendo um ciclo sórdido que se repete a décadas.
O referido distrito tem cerca de 100 habitantes e pertence a um município que possui pouco mais de 2000.
Mas todo aquele gado está marcado.
Ferro quente em lombo empoeirado. Lombo suado, empoeirado e anteriormente marcado por trabalho e sol.
Surgiu como um aglomerado de casas de funcionários da fazenda do patrão. Desde então, o povo-gado, foi o potencial democrático para que o patrão, seu filho e seu neto, sucessivamente, fossem seus representante na câmara municipal.
Curioso que sou, em tempos de ficha limpa, descobri que o candidato de então era o neto do patrão. O futuro do povo-gado era a submissão ao cabresto no debute do neto. Em cuja rede social identifiquei álcool, esbórnia e nenhuma menção àquele rebanho.
Patrão está muito velho. O filho foi vítima de um de um projeto de lei de iniciativa popular, que reuniu cerca de 1,3 milhões de assinaturas. Desde os primórdios, conheceram, aquelas 3 vias, algo próximo a 1,3 milhões de pessoas? Creio que não.
Arrebatadores números. Entre 60 e 80 confissões de submissão, transfiguradas em voto.
O neto do patrão nunca morou ali. Nunca correu descalço por aquelas ruas esburacadas.
“- É Doutor. Estudou em Goiânia.”
Confidencia uma representante do povo-gado, desvinculada de uma realidade distante. Submissa.
Sempre converso muito com os moradores destes recantos do fim do mundo. Mas, naquele dia, tive um conflito interno e silencioso com minha interlocutora do povo-gado.
“- … um absurdo, a filha da Joana do Tião, resolveu candidatar este ano. Um absurdo. Mulher. Tem 2 filhos. Tem que ficar em casa. Um abuso, coitada, sempre disseram que tinha problemas. Absurdo, absurdo…”
A interlocutora era do sexo feminino.
Acredito que nunca vou me esquecer daquelas palavras. É como se o movimento de seus lábios estivessem impressos em meus olhos.
E a Candidata? Sem dúvida ela tinha problemas. Ela não queria ser comum. Ela não queria olhar-se no espelho e enxergar uma vaca. Ela não queria que todo aquele gado estivesse submisso, sujeito a marca de ferro no lombo. Ela queria romper as trancas da porteira daquele curral.
Passei cerca de 5 horas perambulando pelo curral. E meu desejo, era que ante o gado eu pudesse trocar algumas palavras com a Candidata.
Era cada vez mais escuro. Num desespero, por todos os cantos, abaixo de cada resquício de rocha, eu só queria encontrar toda a esperança do mundo, daquele mundo. A Candidata…
Por entre berros e grunhidos, descobri que seu filho estava doente. Ela, mãe prudente, buscava o que o posto municipal não tinha a lhe oferecer.
A interlocutora me acompanhou por toda a visita a cidade. Conversava com todos. Conhecia todos. Era parte daquela família desesperançada. Humilde, sempre com olhos baixos. Ante cada cumprimento, cada aceno para suas comadres ou compadres, eu via um berro de vaca. A cada cafuné em criança, com ranho no nariz, eu via aquela lambida fraternal de vaca que retira a placenta de bezerro recém nascido.
Nos meus pensamentos mais mundanos, imaginava aquele touro cheirando a esterco e sujo. Recostando e, bruto, entre cabeçadas e berros, inseminando-a.
Ele, a trabalho do patrão, devia produzir novos descendentes férteis. Eram bezerros-votos. E da sua ordenha das filhas-novilhas, provinham votos. Reflexos da democracia.
Ela e todos eram um amontoado de carne, torresmo.
O patrão só comia picanha e filé.
E eu, cada vez mais diminuto, era carne moída.
O patrão é apenas um ruralista. Vereador. Meu Deus, vereador. (Não sei nem como descrever o meu escárnio.)
Parafraseando Orwell: eu olhava para para todos os lados, confuso, aflito, e só conseguia enxergar gado.
Infelizmente, constato que a Candidata não irá vencer o padrão da democracia do interior do Brasil-Central.
O futuro vereador, o neto, deve estar se embebedando, num fim de domingo, em algum barzinho do Marista ou Bueno. Ou no Goiânia Shopping, Flamboyant? Afinal na rede social ele curte a Fórum, a Lacoste, a Cavaleira e diversas outras futilidades, que confesso, também me permito. Entretanto, o meu dinheiro, não é fruto amargo de suor de curral.
E, povo-gado espera a ordenha matinal, que, no tempo dos homens, tem gestação de nove meses e resulta em voto a cada 2 anos.
Já frequentei tantas festas mundanas na noite que não me atrevo a contabiliza-las. Notívago, o explícito anuviado da noite me atrai mais que o incerto asseio do dia.
Digno de pena são aqueles que dependem do sol. Quão excitante é o brilho das sombras!
E, no brilho da noite, resta a máxima do filosofo: ser é perceber e ser percebido.
Ela, dançava. Sublime, desfilava a delicadeza de cada gota de seu estrógeno. Um certo descompasso entre o movimento dos braços e pernas não era o foco. Ela, salientando novamente a delicadeza, tinha toda a debilidade covarde e apurada que só o clitóris feminino pode conferir.
E ali, onde, todos, aceitos, eram meros objetos de uma vibração sonora, débeis, porém habilitados a luta, fomos covardes. Ela era o centro. Percebi que ela era o usufruto da galhofa.
O sangue é o destroço da esperança da vida.
E, ela, absorta ao som, não percebia que aquela mancha vermelha na sua saia branca, maculava tudo que todo o tempo procurávamos. Aceitação.
Eu, você e todos que ali estavam somos o resultado daquele sangue que não escorreu. Aquele líquido, que manchava o tecido branco, foi o que nossas progenitoras, mães, não perceberam depois de um ciclo menstrual, quando éramos um mero amontoado de células no seu útero.
Tímido, enfrentei a omissão perversa de todos aqueles espectadores.
Abordei. A coloquei a par daquela situação.
Aflita e constrangida, não menos que eu, ela abandonou a pista. Pouco tempo depois, aquele lindo representante de toda a feminilidade, após um singelo beijo no meu rosto, cruzou a porta de saída.
E, todos os espectadores, órfãos da chacota, continuaram, alienados, no nosso mundinho, nada complexo de balançar braços e pernas.
Todos sabíamos que ela não tinha um amontoado de células no útero. Talvez, nunca viesse a ter em função de sua orientação sexual.
Quanta vida há em todo aquele líquido viscoso que escorre do útero das mulheres. Nada mais vivo que aquele velório mensal.
Hoje sou amplificador de palavras bonitas.
“Contar uma história que nos aproxime é a melhor resposta que podemos dar a quem usa as palavras para aumentar as distâncias.”
O Lêmure, de minha vida, é o tecelão do meu conceito de limbo.
Limbo:
“um lugar para onde iriam as almas inocentes que, sem terem cometido pecados mortais, estariam para sempre privadas da presença de Deus, pois seu pecado original não teria sido submetido à remissão através do batismo. ”
Inocentes,
deitamos juntos,
e foste sibila.
Sibila de meus instintos mais perversos.
Em riste,
fui submetido a remissão.
Ademais,
do que vale,
o pecado original?
_________________
“
O Coelhinho Pipoco
Essa fábula era para ser insana.
E é.
Era uma vez um coelhinho chamado Pipoco.
Pipoco era assim: todo cheio de abstrações.
Num belo dia, mas não tão belo porque fazia um calor escaldante e o tempo estava abafado, Pipoco sentado na cama, olhava os deditos do pé, aquele pé de coelho, sabem?
Não sabem, ninguém nunca pode saber como são pés de coelho. Sorte sua, azar do coelho.
Os deditos esticados, encolhidos, esticados, encolhidos, dedos de coelho.
Pipoco olha para um lado: taças.
Olha para o outro: idéias! Geladeira, geladeira, vodca no congelador, Pipoco pensou: oi,ai, eu bebo hoje. Oi, ai, vodca gelada e translúcida, vodca brilhante na taça, deditos retraem e esticam, retraem e esticam, oi, ai, é hoje, no calor de hoje.
Pipoco e sua mente brilhante tomam a taça, escorrem o líquido tão mais claro que água, denso e venenoso.
Oi, ai.
É hoje que eu me perco, pensou Pipoco.
Perder, perder o sono, o rumo, a hora, o jeito, o cômodo, o nexo, porque perder é tão bom.
Quem perde ganha, veio uma voz assim de dentro de Pipoco dizendo isso tudo e ele exclamou com um arroto: oi, é comigo? A consciência: sim, sou sua diaba.
Daí Pipoco pensou.
Pipoco?
Não, um pouco.
Ah, consciência diaba, oi, ai.
Bebo mais.
Bebo pelo que não tem nome, nem voz, nem vez.
Bebo pelos mínimos, pelos múltiplos, pelos coiotes de olhos brilhantes e faiscantes, bebo pela vizinha esquizofrênica, pela puta flácida, pelos méritos e fracassos, pela libertação, bebo pelo beber.
[arroto]
Pipoco pensou, pensou, deditos retraídos e esticados, calor, oi, ai, a Florence não calando a boca, Florence gritando, gritando.
Não cala essa boca, sua diaba!
Moby, Moby, oi?
Tudo já era a diaba.
Pipoco pensou, não pensou, porque Pipoco as vezes precisa não pensar e saiu noite afora, noite adentro, noite-dia, noite quente, noite.
Se não há nexo, viver no anexo nem parece desconvexo.
Faça qualquer coisa. amplexo, sexo, concavo, convexo.
Moral da estória: se você não tem rumo, não precisa saber nenhum caminho , não chegue a lugar algum.
”
Alexandre Nasser, o lêmure no limbo.
_________________
Resumo: “coloque isso: que seja”
Duas palavras bonitas Pipoco?
Por pouco!
Louco!
_________________
Non, Je Ne Regrette Rien
Non, rien de rien,
non, je ne regrette rien.
Ni le bien qu'on m'a fait,
ni le mal, tout ça m'est bien égal.
Non, rien de rien,
non, je ne regrette rien,
C'est payé, balayé, oublié,
je me fous du passé.
Avec mes souvenirs,
j'ai allumé le feu.
Mes chagrins mes plaisirs,
je n'ai plus besoin d'eux.
Balayés mes amours,
avec leurs trémolos.
Balayés pour toujours
je repars à zéro...
Non, rien de rien,
non, je ne regrette rien.
Ni le bien qu'on m'a fait,
ni le mal, tout ça m'est bien égal.
Non, rien de rien,
non, je ne regrette rien.
Car ma vie, car mes joies,
Pour aujourd'hui
ça commence avec toi
Non, Je Ne Regrette Rien (Tradução)
Não! Nada de nada...
Não! Eu não lamento nada...
Nem o bem que me fizeram
Nem o mal - isso tudo me é igual!
Não, nada de nada...
Não! Eu não lamento nada...
Está pago, varrido, esquecido
Não me importa o passado! (2)
Com minhas lembranças
Acendi o fogo (3)
Minhas mágoas, meus prazeres
Não preciso mais deles!
Varridos os amores
E todos os seus "tremolos" (4)
Varridos para sempre
Recomeço do zero.
Não! Nada de nada...
Não! Não lamento nada...!
Nem o bem que me fizeram
Nem o mal, isso tudo me é bem igual!
Não! Nada de nada...
Não! Não lamento nada...
Pois, minha vida, pois, minhas alegrias
Hoje, começam com você!
Começa com você
Mas,
foi um homem abominável.
Pois,
ante meus “ah, sei, e daí?”
Teve os “também acho”
E dos nossos olhos,
que involuntários,
serão
banquetes de vermes…
partiram mutuas
a transgressão
e uma réplica de desprezo.
Assim,
vice e versa,
crônicos,
longevos
e lentos.
Tão vastos que os homens não foram capazes de mensurar.
Mambembes.
cismamos em burlar
arquitetamos devaneios
e avulsos,
convictos,
descrentes,
estamos seguros.
Procuramos como refúgio
a incerteza da crença.
E somos devotos de uma incredulidade
lambuzada de curiosidade,
discreta
“Tiras atraso?”
“Masturba-te?”
“Bacanal pós prece?”
“Ou, solidão pós desvario noturno?”
Perambulamos,
juntos,
de braços dados,
num contato assexuado,
desinteressados,
entre os ritos e os pecados.
E não sei se podes mensurar o quanto te tenho respeito e admiração.
Feliz em meu desconforto.
Angustiado pelo teu alento.
Sou réu?
Jurado?
Ou, vento?
Enfim:
“
Bem-aventurado aquele cuja transgressão é perdoada, e cujo pecado é coberto.
”
Desconexo de plano celestial.
Boêmio,
tolo,
etílico,
desinteressado,
surpreendo-me.
Livro de letras pequenas.
Leitura intrincada
escabrosa
escura.
A lei não legislada.
Ademais,
sou o avesso daquele verso,
sobremesa insalubre de terço.
Sou fruto de fé católica mineira.
Anárquico
sem leis
começo.
E já tive a face estapeada por confissão.
Quem é Deus?
Deus?
“
Deus! ó Deus! onde estás que não respondes?
Em que mundo, em qu'estrela tu t'escondes
Embuçado nos céus?
Há dois mil anos te mandei meu grito,
Que embalde desde então corre o infinito...
Onde estás, Senhor Deus?...
”
Com medo?
Fingia história
Era um dia-a-dia azedo
Eu era a escória.
E do mantra,
“
Se seu Deus é amor,
porque você prega tanto ódio?
”
Descobri que o antagonista talvez repousasse
detrás das lentes grossas
daquele
que via todo dia no espelho.
Severo.
Cru.
Feroz.
Crítico
Dissimulado.
Ele era avesso,
era contraponto.
Era ali
bem na transparência da retina
que subversivo e malévolo
guardava toda a divergência
contraproducente
aos meus sorrisos.
Abatido e mortificado
eu soube
que o disfarce
caiu.
"
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?"
Para uma aceitação que jamais sonhei.
Juro,
que bêbado,
cheguei em casa,
li o Livro.
E tive vontade de compartilhar com você minhas angústias.
Eu vou ensinar-te sobre meu mundo
Como ensinou-me.
“Porque você nunca me falou? … foram 4 anos.”
Porque o cara,
ali além do espelho,
me ensinou a ter preconceito.
Não está de todo errado.
Mas há de enfrentar sua “aberração”.
Acaso,
sabe o que é ter dedos apontados?
sabe o que é ter medo de aglomerados?
sabe o que é ter amigos maltratados?
humilhados?
mortos?
Eu sinto tanta falta.
Mantenho sorriso no rosto.
E,
obrigado amigo,
é muito importante
para que eu compreenda o que significa
o termo mais anômalo
entre nossos dois mundos:
Aceitação.