interessado em alguma bobagem

sábado, 22 de setembro de 2012

“que seja”: a plena felicidade fora dos limites do céu

Hoje sou amplificador de palavras bonitas.

“Contar uma história que nos aproxime é a melhor resposta que podemos dar a quem usa as palavras para aumentar as distâncias.”

O Lêmure, de minha vida, é o tecelão do meu conceito de limbo.

Limbo:

“um lugar para onde iriam as almas inocentes que, sem terem cometido pecados  mortais, estariam para sempre privadas da presença de Deus, pois seu pecado original não teria sido submetido à remissão através do batismo. ”

 

Inocentes,

deitamos juntos,

e foste sibila.

Sibila de meus instintos mais perversos.

Em riste,

fui submetido a remissão.

Ademais,

do que vale,

o pecado original?

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O Coelhinho Pipoco

Essa fábula era para ser insana.

E é.

Era uma vez um coelhinho chamado Pipoco.

Pipoco era assim: todo cheio de abstrações.

Num belo dia, mas não tão belo porque fazia um calor escaldante e o tempo estava abafado, Pipoco sentado na cama, olhava os deditos do pé, aquele pé de coelho, sabem?

Não sabem, ninguém nunca pode saber como são pés de coelho. Sorte sua, azar do coelho.

Os deditos esticados, encolhidos, esticados, encolhidos, dedos de coelho.

Pipoco olha para um lado: taças.

Olha para o outro: idéias! Geladeira, geladeira, vodca no congelador, Pipoco pensou: oi,ai, eu bebo hoje. Oi, ai, vodca gelada e translúcida, vodca brilhante na taça, deditos retraem e esticam, retraem e esticam, oi, ai, é hoje, no calor de hoje.

Pipoco e sua mente brilhante tomam a taça, escorrem o líquido tão mais claro que água, denso e venenoso.

Oi, ai.

É hoje que eu me perco, pensou Pipoco.

Perder, perder o sono, o rumo, a hora, o jeito, o cômodo, o nexo, porque perder é tão bom.

Quem perde ganha, veio uma voz assim de dentro de Pipoco dizendo isso tudo e ele exclamou com um arroto: oi, é comigo? A consciência: sim, sou sua diaba.

Daí Pipoco pensou.

Pipoco?

Não, um pouco.

Ah, consciência diaba, oi, ai.

Bebo mais.

Bebo pelo que não tem nome, nem voz, nem vez.

Bebo pelos mínimos, pelos múltiplos, pelos coiotes de olhos brilhantes e faiscantes, bebo pela vizinha esquizofrênica, pela puta flácida, pelos méritos e fracassos, pela libertação, bebo pelo beber.

[arroto]

Pipoco pensou, pensou, deditos retraídos e esticados, calor, oi, ai, a Florence não calando a boca, Florence gritando, gritando.

Não cala essa boca, sua diaba!

Moby, Moby, oi?

Tudo já era a diaba.

Pipoco pensou, não pensou, porque Pipoco as vezes precisa não pensar e saiu noite afora, noite adentro, noite-dia, noite quente, noite.

Se não há nexo, viver no anexo nem parece desconvexo.

Faça qualquer coisa. amplexo, sexo, concavo, convexo.

Moral da estória: se você não tem rumo, não precisa saber nenhum caminho , não chegue a lugar algum.

Alexandre Nasser, o lêmure no limbo.

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Resumo: “coloque isso: que seja”

Duas palavras bonitas Pipoco?

Por pouco!

Louco!

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Non, Je Ne Regrette Rien

Non, rien de rien,

non, je ne regrette rien.

Ni le bien qu'on m'a fait,

ni le mal, tout ça m'est bien égal.

Non, rien de rien,

non, je ne regrette rien,

C'est payé, balayé, oublié,

je me fous du passé.

Avec mes souvenirs,

j'ai allumé le feu.

Mes chagrins mes plaisirs,

je n'ai plus besoin d'eux.

Balayés mes amours,

avec leurs trémolos.

Balayés pour toujours

je repars à zéro...

Non, rien de rien,

non, je ne regrette rien.

Ni le bien qu'on m'a fait,

ni le mal, tout ça m'est bien égal.

Non, rien de rien,

non, je ne regrette rien.

Car ma vie, car mes joies,

Pour aujourd'hui

ça commence avec toi

Non, Je Ne Regrette Rien (Tradução)

Não! Nada de nada...

Não! Eu não lamento nada...

Nem o bem que me fizeram

Nem o mal - isso tudo me é igual!

Não, nada de nada...

Não! Eu não lamento nada...

Está pago, varrido, esquecido

Não me importa o passado! (2)

Com minhas lembranças

Acendi o fogo (3)

Minhas mágoas, meus prazeres

Não preciso mais deles!

Varridos os amores

E todos os seus "tremolos" (4)

Varridos para sempre

Recomeço do zero.

Não! Nada de nada...

Não! Não lamento nada...!

Nem o bem que me fizeram

Nem o mal, isso tudo me é bem igual!

Não! Nada de nada...

Não! Não lamento nada...

Pois, minha vida, pois, minhas alegrias

Hoje, começam com você!

Começa com você

 

Um comentário:

izani disse...

Dei um tempo na faxina e passei por aqui, pra te dizer o quanto gosto dos seus "momentos interessantes".
Pelo que li,vou ter que morar no limbo.
Verdade, não sou batizada, logo não vou pro céu.
Grande beijo. Vou faxinar meu útero.(se vivo fosse, seria assim que meu Neguinho chamaria nosso Apto).