Mas,
foi um homem abominável.
Pois,
ante meus “ah, sei, e daí?”
Teve os “também acho”
E dos nossos olhos,
que involuntários,
serão
banquetes de vermes…
partiram mutuas
a transgressão
e uma réplica de desprezo.
Assim,
vice e versa,
crônicos,
longevos
e lentos.
Tão vastos que os homens não foram capazes de mensurar.
Mambembes.
cismamos em burlar
arquitetamos devaneios
e avulsos,
convictos,
descrentes,
estamos seguros.
Procuramos como refúgio
a incerteza da crença.
E somos devotos de uma incredulidade
lambuzada de curiosidade,
discreta
“Tiras atraso?”
“Masturba-te?”
“Bacanal pós prece?”
“Ou, solidão pós desvario noturno?”
Perambulamos,
juntos,
de braços dados,
num contato assexuado,
desinteressados,
entre os ritos e os pecados.
E não sei se podes mensurar o quanto te tenho respeito e admiração.
Feliz em meu desconforto.
Angustiado pelo teu alento.
Sou réu?
Jurado?
Ou, vento?
Enfim:
“
Bem-aventurado aquele cuja transgressão é perdoada, e cujo pecado é coberto.
”
Desconexo de plano celestial.
Boêmio,
tolo,
etílico,
desinteressado,
surpreendo-me.
Livro de letras pequenas.
Leitura intrincada
escabrosa
escura.
A lei não legislada.
Ademais,
sou o avesso daquele verso,
sobremesa insalubre de terço.
Sou fruto de fé católica mineira.
Anárquico
sem leis
começo.
E já tive a face estapeada por confissão.
Quem é Deus?
Deus?
“
Deus! ó Deus! onde estás que não respondes?
Em que mundo, em qu'estrela tu t'escondes
Embuçado nos céus?
Há dois mil anos te mandei meu grito,
Que embalde desde então corre o infinito...
Onde estás, Senhor Deus?...
”
Com medo?
Fingia história
Era um dia-a-dia azedo
Eu era a escória.
E do mantra,
“
Se seu Deus é amor,
porque você prega tanto ódio?
”
Descobri que o antagonista talvez repousasse
detrás das lentes grossas
daquele
que via todo dia no espelho.
Severo.
Cru.
Feroz.
Crítico
Dissimulado.
Ele era avesso,
era contraponto.
Era ali
bem na transparência da retina
que subversivo e malévolo
guardava toda a divergência
contraproducente
aos meus sorrisos.
Abatido e mortificado
eu soube
que o disfarce
caiu.
"
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?"
Para uma aceitação que jamais sonhei.
Juro,
que bêbado,
cheguei em casa,
li o Livro.
E tive vontade de compartilhar com você minhas angústias.
Eu vou ensinar-te sobre meu mundo
Como ensinou-me.
“Porque você nunca me falou? … foram 4 anos.”
Porque o cara,
ali além do espelho,
me ensinou a ter preconceito.
Não está de todo errado.
Mas há de enfrentar sua “aberração”.
Acaso,
sabe o que é ter dedos apontados?
sabe o que é ter medo de aglomerados?
sabe o que é ter amigos maltratados?
humilhados?
mortos?
Eu sinto tanta falta.
Mantenho sorriso no rosto.
E,
obrigado amigo,
é muito importante
para que eu compreenda o que significa
o termo mais anômalo
entre nossos dois mundos:
Aceitação.
2 comentários:
Tô eu aqui com minha solidão a pensar: o que estou fazendo nesse mundo?
Não sei escrever como vc, que coloca seus sentimentos nas palavras.
Escrever não se aprende, vem de dentro, é um dom. Você tem esse dom.
Parabéns!
Apesar de nunca ter lido a Biblia por inteiro, reparei no que vc disse.
Acho a Biblia um livro machista, onde foi colocado só o que interessava aos apóstolos.
Acabei de ver na TV que foi achado um manuscrito onde Jesus apresenta sua mulher aos apóstolos.
Vão fazer pesquisas nele, e talvez dar um sumiço no mesmo, para o bem das religiões.
Bjs...
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