interessado em alguma bobagem

domingo, 11 de agosto de 2013

dos lugares que não irei

Tenho uma quedinha pelo drama.

-

Quando sofremos uma grande perda,

Ou somos vitimados por catástrofes individuais

As pessoas nos consolam,

com as melhores intenções:

“Tudo passa.”

-

Na verdade,

nada passa.

Deviam dizer que:

tudo muda.

-

Devagar, comecei a pensar nas minhas desescolhas.

Afinal, pra que serve a vida?

Para nos perdermos logo adiante?

Sim, perdidos, logo adiante.

Descobrir-se vivo,

começa pela escuta dos ecos do caminho.

Nos fazem acreditar em uma única versão.

Mas, crescer, é quebrar a sucessão de guias práticos.

Difunde-se que muito do que sentíamos,

não devíamos sentir.

É uma busca desenfreada,

pela felicidade na tristeza.

Eu me sinto muito bem,

assim,

perdido.

Eu sei usufruir do gosto salobro de minhas lágrimas.

-

Foucault:

“Não estou, absolutamente, lá onde você está à minha espreita, mas aqui de onde o observo, sorrindo.”

-

O contraditório é fantasia.

Fantasia são taças de Chandon.

Desfiles de grife em filas de boate.

Vale a pena?

Só se suporta quando se engole pílulas?

Papéis inertes sobre a água,

que desfazendo-se,

podem afundar de repente,

ou, ser levados pela correnteza.

Sou estranho.

Impróprio.

Alheio

Leigo.

Mas não é normal, que quase todos, estejam sempre sorrindo.

Sorrisos impondo sua vontade e exigindo que se obedeça.

Armados até os dentes.

Os meus, amarelados, acovardam-se.

Eu penso demais.

O sexo dos anjos,

o ovo ou a galinha,

como foram construídas as pirâmides?

o que houve com os Maias?

onde estará Atlântida?

o Santo Graal?

a arca de Noé?

Deus?

medo da morte?

do depois?

de onde vem os sonhos?

quais  locais que nunca irei?

quem conhecerei amanhã ou no próximo mês?

quem?

Eu definitivamente penso demais.

e incomoda um pouco.

-

Domingos são introspectivos

segundas tem aroma de esgoto.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

compilação do que tracei aqui no percurso em direção ao precipício dos 30–Parte 1 (2008)

não é esperar o tempo
implorar a volta ao passado
mas sim reclamar do ontem
que ainda não veio
dos sentimentos que não queremos
dos momentos que passamos e não vivemos
pras bandas de lá ventava
ventava saudade
ventava coisas que não explico
e o vento leva tudo que não queremos apagar

ventava, postado em 4 de março de 2008.

…não dizer apenas o que se quer ouvir... vomitar o que penso... mas às vezes por aqui (mundo real) eu calo.

algo a dizer, postado em 4 de março de 2008.

 

"Deus lhe deu inúmeros pequenos dons que ele não usou nem desenvolveu por receio de ser um homem terminado e sem pudor"

longe de tudo, postado em 15 de março de 2008.

 

Um cavalo estafado deitado num canto da esquina, sangrava nas pernas tortas que sob o corpo pareciam ter a possibilidade de se romper a qualquer momento, gerando uma angústia daquelas que nós faz engolir seco e regurgitar um som que não sei muito bem como definir.

(…)

um atropelamento. Não. Era somente cansaço, fome e o olhar estava justificado.

(…)

O animal tentava se recompor a todo custo e nesta tentativa inútil cada vez mais se feria.

(…)

simplesmente uma tentativa de sobreviver

(…)

tive vergonha não só por mim mas por todos que ali se aglomeravam.

(…)

Não sei. Há coisas que realmente é melhor esquecer.

o menino e o cavalo, postado em 16 de março de 2008.

 

Destruição natural da natureza que não é divina

(…)
Opção da vergonha do filho, refletida na pupila do pai
Abnegação impiedosa da pré-moral instintiva.
Hábitos poderosos nos jejuns impostos e recorrentes
(…)

Omissão no privilégio raro das máscaras que não refletem.
Eu confesso o eterno mal-entendido.
O silêncio do jogo
O sofrimento que ele proporciona.
Nem Patrocínio
Nem Ouro Preto
Nem feliz
Nem triste

barbárie cotidiana, postado em 18 de março de 2008.

 

Sou isto e aquilo que incomoda.

quem sou eu, postado em 19 de março de 2008.

 

às vezes eu acho que a democracia de hoje é muito mais ditatorial
ninguém enfrenta a máscara democrática...

(…)

a leve esperança,
a área esperança...
área, pois não!
peso mais pesado
não existe não.
ah, livrai-me dele,
senhor capitão!

demos, postado em 20 de março de 2008.

 

A febre faz-me cafuné.


A libido da aguardente,
transforma a panapaná em lixo,
xenofobia do nômade em lírio.
O sim que desengana,
na palavra que fica.

panapaná incoerente, postado em 25 de março de 2008.

Clarice Lispector

(…)

Sonhe com aquilo que você quiser.

(…)
As pessoas mais felizes não tem as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos.

amigos que sabem de Clarice, postado em 26 de março de 2008.

… incidente capaz de provocar uma declaração de guerra.

(…)

probabilidade de mudanças radicais de humor. Instável. Eu confesso que minha condição bipolar proporciona situações de conflito internas que causam uma dor incessante.

(…)

O que me proporcionou prazer outrora, agora me proporciona um desprezo descomunal.

casus belli, postado em 31 de março de 2008.

____________

Resolvi reler todas as 210 postagens do momentos desinteressados (MD).

Vale mencionar que este blog, criado em 4 de março de 2008, ou seja, após 1981 dias, tem sido o meu muro de ideias, revoltas e impressões.

Me identifico muito com ele, apesar de confessar que é muito “pseudo-cult”. Mas é minha forma de expressão mais verdadeira. É minha arte.

Apesar da cena pseudo-arte e nada pop, tenho amigos que sempre visitam e entendem mais da pessoa atrás do teclado.

MD  reflete muito dos meus sentimentos mais verdadeiros e, é através dele, que enxergo o reflexo de todas as minhas mudanças.

Nestes 1981 dias, é verdade que tive poucas visitas, 5956 visitas. A postagem mais visitada teve 352 visualizações e a menos visitada 17.

Neste período, de 5 anos e meio, tive outros 3 blogs dos mais variados assuntos  (balada, sexo e tv), mas, em relação aos quais não me identificava o suficiente.

Em um destes outros blogs, já extinto por sinal, em uma única postagem recebi quase 2000 visitas, ou seja, quase 50% de todas as visitas ao MD.

Em relação a outro, recebi uma notificação (ameaça) de processo judicial.

Já o MD é carrancudo.

Não prima pela beleza, não prima pela popularidade, prima pelo que tenho vontade e quando tenho vontade.

O MD nunca foi obrigação, é um prazer que alivia meus momentos de ansiedade e tristeza, na maioria das vezes.

Por longos períodos, ele foi simplesmente deixado de lado, não tinha o que transparecer quando o mundo de cá do teclado era suficiente.

Por diversas vezes, deixei de publicar algumas coisas.

Eu escrevo sempre, gosto do barulho de teclado e do espaço no papel ocupado.

Na caixa de rascunhos, que mantenho, existem outros 343 textos inacabados, poemas, impressões ou simplesmente vômitos desconexos.

Assim, no beiral do precipício dos 30 anos, resolvi enovelar minha vida através de trechos que ainda significam muito presentes nas 210 postagens.

Não quero mudar a desordem de minhas coisas, então, não sei quantas postagem serão necessárias para replicar tudo que foi assim “desinteressado”.

Talvez, nem haja outro post.

Porque o importante aqui é ter desinteresse e desobrigação.

Quem já acompanhou algumas postagens ou me conhece, sabe que as regras me incomodam.

Transgredir.

 

 

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

a absolvição do vilão da novela das 8 / entendendo Félix

felix

Félix (Mateus Solano), é vítima.

Infelizmente, esta história é contada na novela das 8 porque foi a nossa ignorância – a minha e também a sua – que destroçou a vida dessa criança. E tem destroçado – às vezes em brutal literalidade, com tiros e pancadas – a vida de muitos – demais.

É espantosa a quantidade de dor que pode caber numa vida apenas por causa da ignorância.

felix 2

Da nossa ignorância.

Uns relevam e vivem.

Outros fazem vítimas, como Félix.

Nunca me senti tão angustiado assistindo o que sei por vivência, o que é completamente real.

Todos permitiram, por ação ou omissão, que muitos Félix fossem agredidos, acuados, encurralados e, por fim, exilados.

Ou, como ele, revidam.

Parabéns Walcyr Carrasco pelo “Amor à Vida”.

O maior problema é que o revide de alguns Félix, reverberam sobre a comunidade de excluídos, condenados a viver nos "Gaytos". Joãos, Josés, Pedros, Felicianos, Malafaias.... muitos…

Tá, eu assisto novela das 8. Sempre. É o reflexo da vida depois que se levanta do sofá.

Nem por isso deixo de entender o que se passa por trás da interpretação de moços e moças belos da TV Globo.

Então, vou usar isso para ser um pouco "pseudo-intelectual".

Já ouviram falar em Édipo ou em Síndrome do Pai ausente?

Há algum tempo, quando precisei entender mais que Madonna e Gaga, eu li isto:

COMPLEXO DE  EDIPO E A "SINDROME" DO PAI AUSENTE

 

Por: João H.  L. Ferreira

 

Em seus estudos sobre o inconsciente, Freud traça um paralelo entre a estória de Édipo Rei, da antiga Grécia, e a formação do psiquê humano; lançando as bases do que viria a ser denominado Complexo de Édipo. Desde essa formulação, estudiosos vem se debruçando sobre o tema, aprofundando as reflexões de mestre.

 

O complexo de Édipo se desenvolve ao longo da vida do indivíduo. Premido pelo escolha entre as exigências impostas pelas forças exógenas da Família, sociedade, religião, leis, etc..., de continência ao prazer individual, e o desejo do indivíduo pelo prazer sem limites; o conflito do Édipo mal resolvido pode ser fonte de angustias, neuroses, perversões e outras formas de distúrbios psíquicos e de comportamento.

 

No seu processo de amadurecimento, Paradoxalmente, o indivíduo opta em limitar o seu prazer pela garantia de manutenção do próprio prazer, ou, pelo menos, de parte do prazer que lhe é permitido por essas mesmas forças exógenas (Do convívio social, da aceitação, integração no grupo a que pertence, etc....). Assim, para garantir o pouco prazer que lhe é permitido, passa o indivíduo a limitar-se, abrindo mão dos prazeres que lhe são proibidos. Essa submissão é uma das possíveis saídas do Édipo. A negação do prazer proibido e da submissão às forças exógenas encontra o seu ague na infância; sendo essa fase chamada de latência; pois os desejos de satisfação dos prazeres negados se encontram latentes e reprimidos no Id.

 

Através da abstinência, ou a da continência dos prazeres (Ou de situações prazerosas), abstendo-se de obter prazer de modos e em condições que não lhe são permitidos, o indivíduo mantém a possibilidade de obter prazeres que não lhe são negados; ou até mesmo oferecidos, em contrapartida aqueles que ele se abstém de obter voluntariamente.

 

No modelo do Édipo, criado por Freud, a busca do prazer é representada pelo desejo para com a mãe; e a sua negação pelas forças exógenas é representada pela figura paterna; que, detentora do poder, que afasta a criança da mãe (Sua fonte de prazer). Dessa forma criam-se duas figuras: Uma potente e capaz de satisfazer os próprios desejos; que é o pai; e outra impotente, mesmo que não totalmente satisfeito, que submete ao poder do pai, buscando assim garantir o carinho da mãe, que é o filho.

 

Dessa forma, as situações de negação de prazer por forças externas, é remetido à situações vivenciadas na infância de disputa da criança com o pai pelo tempo e atenção que lhe é dada pela mãe.

 

No clássico grego, a saída do Édipo se dá quando o filho (Édipo) mata o próprio pai (Lion) e toma a própria mãe (Jocasta). Esse ato tem como consequência o condenar de Édipo a vagar sozinho sem rumo, após ele mesmo ter furado os seus próprios olhos em castigo.

 

Assim, o clássico de Édipo Rei, nos remete ao aviso de que, a procura do prazer sem restrições, sem considerar o outro (Nos tornando cegos para o mundo à nossa volta) nos leva inexoravelmente à solidão pela exclusão do convívio social, o qual deixamos de respeitar na nossa procura por esse mesmo prazer.

 

Creio que, a saída saudável para o Édipo, é o indivíduo, ao se tornar adulto, entender que as regras (Forças exógenas) não tem caráter onipotente; ou seja: As regras são referenciais feitas pelas Homens (Seres humanos ADULTOS) para a manutenção do convívio social e podem (E devem) ser negociadas entre os membros de uma mesma sociedade. Ao tomar o seu lugar na sociedade, como ser humano adulto, a ex-criança, agora adulta, se torna também PAI (Inclusive no sentido biológico), emanador das regras negociadas com seus iguais.

 

Entendido tudo isso, gostaria de analisar uma situação especial de Édipo que é o PAI AUSENTE.

 

Não raro, dentro da nossa sociedade, a figura do PAI AUSENTE se dá; ou por separação, ou por morte do mesmo. O PAI AUSENTE, dependendo da família, pode se tornar MAIS PRESENTE do que se fisicamente estivesse convivendo com a mesma em sua normalidade.

 

O que apelidarei aqui de "SINDROME DO PAI AUSENTE" se dá quando, ao sentir-se impotente para a manutenção da disciplina da prole, a mãe evoca a presença de um PAI VIRTUAL, que passa a existir dentro da família. Frases como: SE O SEU PAI ESTIVESSE AQUI... ou O SEU PAI MANDOU..... ou NEM PARECE QUE É FILHO DE FULANO.... e assim por diante, incutem na criança um PAI VIRTUAL sempre presente e muito mais "castrador" do que um pai físico, com o qual ele possa se confrontar na procura de seus limites e identidade.

 

Dessa forma, o PAI AUSENTE se torna na verdade um PAI UNIPRESENTE; existente em todo o lugar; virtuoso e sem defeitos, incansável e imbatível; que o filho, por nunca poder derrotar ou superar, se rende e se submete. Esse "super pai" acompanha o seu filho por toda a vida; que procurando "agradá-lo", para obter a sua aprovação (Que nunca conseguirá), se torna o exemplo de "bom filho"; sempre obediente às regras, as leis, aos horários; se submetendo à imposição das forças exógenas; gerando o que se pode chamar da "SINDROME DO ETERNO FILHO".

 

A "Síndrome do Eterno Filho", na vida adulta, é reforçada com elogios tais como: "Seu pai ficaria orgulhos de você". "Você é um modelo para os seus irmãos e colegas". "Queria ter um filho assim". "Você é o filho que eu nunca tive"; e assim por diante. Além de reforços externos, o indivíduo se vê compelido a continuar como ETERNO FILHO pelas vantagens que isso lhe trás; tais como:

 

1) Ele não tem que assumir uma posição de adulto; fazendo escolhas (Uma escolha sempre implica em não realizar uma das possibilidades- Aquela preterida- E por isso gera um sentimento de perda).

 

2) O indivíduo NUNCA É CULPADO; pois se sempre faz o que lhe pedem, ele não pode ser culpado pelas consequências do que advém de errado na sua vida. Assim o culpado é SEMPRE O OUTRO.

 

3) O indivíduo não necessita pensar; somente obedecer. Alguém sempre lhe dirá o que fazer.

 

4) Sentimento de impotência para resolver os problemas sociais e institucionais (Afinal a sociedade e as instituição são o grande "pai" , e não se deve desafiar o pai).

 

Dessa feita; deve-se lembrar que, nos dias de hoje, o pai está AUSENTE. Isso se dá não somente por condições de morte ou separação. Em muitas famílias, hoje, temos pais que, mesmo vivos e casados, se encontram ausentes; não participando da vida familiar; repassando esse modelo para os seus filhos. O pai ausente é uma das poucas condições que não permitem a saída completa do Édipo; podendo desencadear esses e outros problemas da "síndrome" acima; fazendo com que a pessoa se torne o "eterno filho"; sem assumir a sua posição de adulto responsável e SUJEITO do próprio DESTINO. É o sentenciar do sujeito á eterna posição de vítima; de objeto e força de manobra das instituições que, em nossa sociedade, se encontra tomada por forças inenarráveis.

 

Assim, por ser potencialmente benéfico aos sistemas (Que são PAIS SEMPRE PRESENTES), a "síndrome do pai ausente" pode estar sendo introjetada dentro da nossa sociedade por grupos que tem muito a ganhar com isso (Creio que mesmo que inconscientemente, todos nós procuramos aquilo que nos traz prazer e felicidade). Fica aqui um ponto de alerta e reflexão para os psicólogos e pais: Estamos formando uma sociedade de "ETERNOS FILHOS".....

E, depois disso, dizer o quê?

felix 3

O capítulo do dia 01 de agosto de 2013 da novela do horário nobre do maior meio de comunicação do Brasil foi simplesmente antológico. Ao menos, para mim e tantos outros em armários, semi armários, becos e esquinas.

Nós estamos aí, ali e lá.

Escondidos, escancarados, escrachados…

Tímidos, cínicos, irônicos, felizes, tristes, coloridos e em preto e branco.

Muitos em preto e branco.

Com uma dor tão grande de ser.

(Vocês não imaginam)

Não ser igual, dói muito.

Imaginar que nem mesmo em casa você é igual é como estar com os pés nas nuvens.

Ademais, parabéns e minhas reverências a Walcyr Carrasco e sua novela “Amor à Vida”.

Hoje eu senti o abraço de Pilar  (Susana Vieira) e Bernarda (Nathalia Timberg) ao aceitarem Félix. E o abraço verdadeiro do filho, Jonathan (Thalles Cabral).

Não sejam César (Antônio Fagundes).

Sejam um Pilar.

Para quem não viu….

Armário: http://tvg.globo.com/novelas/amor-a-vida/videos/t/cenas/v/edith-mostra-as-fotos-de-felix-e-anjinho-para-cesar/2730701/

Obrigado Félix: http://tvg.globo.com/novelas/amor-a-vida/videos/t/extras/v/divirta-se-com-o-jeitinho-felix-de-ser/2674394/