Em 7 de dezembro de 2008 eu escrevi a sociedade correndo atrás
“Foi naquele olhar arrogante
Do sem jeito, trejeito, lixo de viver
Que vi do que o tempo precisa
O que o passado realiza
E o que minha lógica não permite
Eu vi o que Deus insiste
O Diabo ironiza
E eu, finjo, não saber.”
Dois anos depois eu continuo sem jeito.
O Diabo ainda me ironiza e eu continuo fingindo não saber.
“Não, Tempo, não zombarás de minhas mudanças!
As pirâmides que novamente construíste
Não me parecem novas, nem estranhas
Apenas as mesmas com novas vestimentas.” Willian Shakespeare
Minhas vestimentas estão rasgadas e puídas pelo “Tempo” e, este, zomba de minha imaturidade tardia, de minhas opções erradas e de minha irresponsabilidade cotidiana.
Eu tenho consciência de que estou mais irresponsável. Lá fora chove e faz o calor característico do Brasil-central. Aqui dentro há uma tempestade incontrolável e fria. Tão fria que meus sorrisos estão esparsos, falsos e amarelos.
Eu queria fechar o ano com boas perspectivas para 2011. Eu queria escrever um texto verde de tantas esperanças. Eu queria um texto bonito que arrancasse sorrisos. Eu queria algo que pudesse mostrar meus bons momentos. Mas eu realmente não consigo. E quando se admite não conseguir, se é muito fraco. Nada é inalcançável para aquele que labuta forte. Mas desinteressado, não quero.
Em 2010 foram incontáveis as vezes que quis pular da janela. Foram expressivamente mais longos meus minutos tristes. Entretanto conheci e me aproximei de pessoas maravilhosas. E muitas foram as que se distanciaram, algumas passaram e outra, sem dúvida, vão sempre permanecer.
Em fevereiro de 2010, em um texto retratando o tempo que passei longe do blog ( o que aconteceu em menos de um ano ), escrevi que “fui ao inferno e voltei”.
Para tal tenho uma coletânea de citações:
“As pessoas que me dizem que eu vou para o inferno e elas vão para o céu de certa forma deixam-me feliz de não estarmos indo para o mesmo lugar.” Mark Twain
“Acredito que estou no inferno, portanto estou nele.” Rimbaud
“No inferno os lugares mais quentes são reservados àqueles que escolheram a neutralidade em tempo de crise.” Dante Alighieri
“Tenho juízo, mas não faço tudo certo, afinal todo paraíso precisa de um pouco de inferno!” Martha Medeiros
Em 2010 eu fui ao inferno novamente. No caminho de volta perdi um pouco o senso de direção. Pensei ter parado no Limbo, mas cometi pecados demais. Estou a tempo demais no meu Purgatório. Arrependendo-me de meus pecados. Temo que o arrependimento seja tardio demais e não me permitam passar pelo portão do Paraíso.