interessado em alguma bobagem

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

muros sobre os quais minha verdade flutua...


É que sou um pouco antes.
É só isso.
Juro por Deus.
E sou um pouco depois também.


Acontece que sou tão ávido de vida, tanto quero dela e aproveito-a tanto e tudo é tanto - que me torno imoral.
Isso mesmo: sou imoral.


Sou mistério classificado em arquivos de aço.
Tudo se classifica?
E eu? quem sou? como é que me classificam?
Deram-me um número?
Sinto-me numerificado e apertado.
Mal caibo dentro de mim.


E assim vai se indo.
Estou mudo e sem assunto.
Não respeitem meu silêncio.
Sofrimento é privilégio dos que sentem.


Estou tão perdido.
Mas é assim mesmo que se vive: perdido em meandros de tempo e espaço.



Eu sei morrer.
Morri desde pequeno.
E dói... mas como tudo... a gente finge que não dói.
Estou com tanta saudade de Deus.
E agora vou morrer um pouquinho.



Depois eu fumo.



Há verdades que nem a Deus eu contei.
E nem a mim mesmo.
Sou um segredo fechado a sete chaves.
Eu vivo de teimoso que sou.
Eu sou eu, é assim que os outros dizem.
E se dizem, porque não acreditar?
Eu não sou nada.
Sou um domingo frustrado.
Mas tem hora que vou lhe dizer, meu amigo, tem hora que... a vida é um cabelo na sopa.
Estou em instante-já hasteando bandeira.
E eu digo - viva!
Mas sobretudo você que é culpado.
No entanto eu te desculpo.
Não tens culpa de ser tão patético e pungente e juber.





"Essa é uma festa arrancada a ferro e fogo e só nos foi permitido um único dia do ano."

"Depois disso... bem, depois tem a moral, as crianças, o bom senso e somos todos pessoas direitas que não queremos ofender ninguém. Daí, continuamos a frequentar e construir bares com muros bem altos pra não constranger e incomodar essa sociedade tão benevolente conosco."

"...é esmola cívica sim, mas para um miserável qualquer esmola é fortuna."





(descontextos, releituras particulares de textos de internet e citação desmedida de "Para não esquecer - Clarice Lispector")

sábado, 18 de setembro de 2010

despir de estímulos causa-efeito


Nem só o clima reproduz calor.
Resposta fisiológica.
Particular.
Coito.
Prazer.


Uma imagem.
Um estímulo.
Nem sempre um corpo.
Nem sempre um toque.
Há prazeres tênues...


Há prazer em acordar cedo de mal humor e sorrir.
Há prazer em chorar ou rir de desespero.
Há prazer no adeus.
Os maiores prazeres estão no sofrimento.
Porque há de se esperar um sorriso a posteriori.


Não é degenerado
Sentir desejo, excitar-se
Onanismo, masturbação
Algo que se esconde
Se sente vergonha
Vício solitário de estímulo manual.



Impulso natural de todo ser vivo
Impulso em busca de parceiro
Atração sexual
Pederastia?
Ser feliz não depende de você.



Há vínculos objetos.
Há onanismo não solitário.
Há medo de resposta.
Há solidão acompanhada.
Há surpresa em esquina.
Há de haver virtudes tão particulares que mantem-se escondidas.
Há medo de acordar amanhã e não reconhecer o espaço vazio ao lado.

Prazer é medo disfarçado.

sábado, 11 de setembro de 2010

os arranjos de flores que montei na minha vida

Como pode ser bom receber uma ligação às 6:47 da matina?
Pode ser tão bom que não há verbo, advérbio ou substantivo no mundo que defina.
Não é possível definir uma noite de mesa de baralho.
Não ouvir o ruir da vida.
Com quem a pouco se aprendeu a mais que gostar.
É encontrar a vida, o mais importante da vida, justamente no banal.
Aceitar o abraço de quem a pouco julgava.
Mudar preceitos.
Torna-te retrospectiva.
Mostra-te ser o mundo um pouco menos vitral.
Evitar a todo custo qualquer "tipo".
Não dormir.
Manter-se acordado em virtude do peso de um sorriso.
Involuntário.
Largo.
É esquecer o carrasco dos anos.
É uma felicidade truculenta.
Não sentir o retorno pra casa como mero medo de mãe.
Matar fome mamando as tetas da vida.
Aposta de poder ser sorridente e irônico.
...se possível,
Descubro-me envolto de algo ilimitado pela minha vivência...
Amizades intuitivas, singelas...
Passo não racional, por entre olhos.
Marco meu encontro com meu mundo contemporâneo.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

é bem assim...

Bem, Fernando Pessoa: "Tudo vale a pena quando a alma não é pequena."

ou.... nada pronto...

"Uma vida sem desafios não vale a pena ser vivida."

...

Valeu e vale cada segundo.

sábado, 4 de setembro de 2010

as nuvens que estão ali

um único amanhã uniforme


Acontece que fiz meu mundo.
Imperfeito e singular.
Sentenciei meus medos....
Ajuizei representações fieis de sensos deturpados.

Converti meu medo.
Empenhei em sentir deleite do medo.

Emergi sorrisos verdadeiros.
Esqueci o que era dissimular meu tempo.

e...

Amanhã serei implacável.
Não respeitarei solução integral em benefício do comum.

Amanhã eu sou igual, uniforme
Amanhã eu sou feliz.
Amanhã eu sou interessante.
Amanhã, só amanhã,
o céu de Goiás será um pouco mais feliz.

Colorir, a solução pode ser colorir.....

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

passatempo


É importante fazer da vida uma ocupação ligeira e agradável.

Passatempo é a contração de passa+tempo.
E o tempo,
ah, o tempo...
Cazuza (sábio poeta marginal pop) sentenciava: "O tempo não para."

E 1983 torna-me 27 anos mais gente.
27 anos com prováveis 17 anos de erros e no máximo 10 anos de acertos.

27
Quem?
Porque?
Onde?
Quando?
Eu?

27 momentos... lugares... coisas...com irregularidades no tempo.

1.Pomar da casa de vovó lendo Sozinha no Mundo de Marcos Rey no banco do trator debaixo do pé de amoras.
2. Varanda da casa da roça da tia Bada, com muita gente que eu não escutava e muito menos entendia, Reveillon, Natal ou datas comuns.
3.Embaixo do sofá de pés de madeira da sala de casa de minha mãe ainda na Vila Nova, descobrindo meu orgão genital.
4.Praça do tiro de guerra e trilhos da estação abandonada acompanhado de meu pai para andar de bicicleta aro 16
5.Natal no qual surgiu um "tosco" Papai Noel, que até hoje não sei quem era, na casa da roça de vovó.
6.Escassos flashs de mamãe chorando dentro da D10 branca quando cortei o rosto.
7.Viagens a Unaí na carroceria coberta da D10 branca do meu avô.
8.Túmulo no alto do morro da casa de dindinha em Unaí, meninos correndo sujos, choro incontidos ao ir embora.
9.Sumiço de Dedé por um dia em virtude de rocks pesados e atraso de meu pai depois do trabalho em época que não haviam celulares.
10.Casamento da dindinha.
11. Finais de ano no Colégio Atenas.
12. Manhãs e almoços na casa da Bada.
13. Primeiras impressões com tentativa de suicídio de dindinha e tudo que resultou deste momento.
14. Jogo de detetive em excursão a Porto Seguro.
15. Primeiro vermelho (em português) e reprovação no vestibular.
16. Tardes de sábado conversando com amigos que não vejo mais.
17. Entrar no ônibus e partir para Ouro Preto sozinho. O primeiro suspiro de indepêndencia e o primeiro passeio sozinho.
18. O primeiro porre numa festa de formatura em Ouro Preto.
19. O mudar em Ouro Preto, o aprender a sentir, sofrer e gostar.
20. A SEAM e sua fundação, reuniões e fogo no centro de Ouro Preto e as noites de CAEM.
22. O primeiro e os consequentes "Eu sou".
23. O descobrir que tudo tem fim, a formatura da primeira turma, a comissão de formatura, minha formatura.
24. O olhar marejado de lágrimas despedindo-se de Ouro Preto.
25. Juberlândia e a descoberta do que é aceitação.
26. O perder da razão, o viver, o sentir-se amado. Goiânia.
27. Amanhã...


violência cotidiana

Violentia

"Violência. Vem do latim violentia, que significa violência, caráter violento ou bravio, força. O verbo violare significa trotar com violência, profanar, transgredir. Tais termos devem ser referidos a vis, que quer dizer, força, vigor, potência. Mais profundamente, a palavra vis significa a força em ação, o recurso de um corpo para exercer a sua força e portanto a potência, o valor, a força vital."
"Violência é o que se exerce com força contra um obstáculo. Daí: comportamento de uma pessoa contra uma outra que ela considera como um obstáculo à realização de seu desejo."


Violência é não saber.
Violência é sondar memória.
Não saber tudo, dói.

Violência:
Homem que bate na mulher.
Esconder medo do mundo.
Julgar sem saber, vivenciar.
Ilustrar vidas perfeitas.
Abandonar uma vida ou ser cortado desta.

Óbice é o termo mais semelhante a viver.


"Ouro Preto é vida e morte"
Ouro Preto é embaraço de opostos.
Ouro Preto é eufemismo de algo que flutua entre antiteses e paradoxos.


Ouro Preto é proposição falsa do que é ser triste vivendo-se feliz.
Tácito tumulto interno de lembranças do que não se recorda.
Amo odiar cada sutil recordação de momentos vividos.
Felizes gargalhadas relativas ao soluço de choro.