interessado em alguma bobagem

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

minha ira que não derramou uma só lágrima

313839_274525239236461_100000369608433_948585_2111061192_nÀs vezes eu choro de raiva. (IRA)

Não é um sentimento nada nobre, mas eu confesso que tenho ele guardado aqui dentro de mim. Talvez se assemelhe a rancor.... talvez seja rancor.

Mas... mas nada, ele está aqui num espaço maior do que eu queria. Ele esta guardado, trancafiado, num quarto do qual eu não me recordo onde deixei a chave.

É engraçado. Parece feio, chulo e digno dos “menores” falar dos sentimentos ruins. O modus vivendi nos impõe uma condição de ser perfeito, de sublimar nossos defeitos.

Defeitos? E, quem define o que é defeito? Quem define o que é qualidade?

E no rol dos “pecados capitais”, novamente o “Sr. modus vivendi”, determinou que a inveja tem que ser boa. Senão…. Ah! A lança da justiça do convívio dilacera-te. É infame. Digno de sodomia.

E do alto da minha intelectualidade, de filme Hollywoodiano, séries americanas, novelas da Globo, Jornal Nacional e Veja, eu me recordo de algo mais ou menos assim: “Moral é ver a vida passar do jeito que os outros querem e não da forma como você pode.” 

Assim, entre dentes, dispostos ao “bater-ponto” no maior baile de máscaras, este mesmo que frequentamos todo dia, disfarça-se, maquia-se o real conceito de se desejar o que é de outrem? Daquela maneira humilde (porque “ser humilde” é como tratado de boa índole): “Eu estou com uma inveja boa. ” Inveja boa é o caralho.  Não existe inveja boa. Não existe inveja ruim. Inveja é inveja, e ponto.

Eu tenho inveja. E que atire a primeira pedra aquele que não tem. Eu tenho inveja de quem chega em casa e tem um abraço. Eu tenho inveja de quem tem colo. Eu tenho inveja de quem não enfrenta qualquer tipo de preconceito. Eu tenho inveja até do sorriso mais sincero dos meninos que jogam bola no campinho de futebol atrás do meu prédio. Amenizando: mas é inveja boa. Ah tá: é INVEJA.

Retomando o termo “humildade”: humilde é um “pateta” que não sabe valorizar sua essência. Eu não me sinto confortável ao lidar com pessoas que transparecem humildade, essas pessoas que usam de uma fragilidade sutil para serem bem quistas. Humildade é frequentemente confundida com simplicidade. Simplicidade é transparência, é o “não ter rodeios”.

Então, quanta arrogância não!

Eu driblei e driblo a cada esquina uma infinidade de rótulos. Portanto, se em virtude do mencionado acima, encontra-te em condição de julgar. Arrogante, prazer! (SOBERBA)

LUXÚRIA: quanta hipocrisia não querer saciar seus desejos de carne. Seu desejo mais profano de um noite inteira de sexo. Daquele momento sutil de se saciar de gente. Do gozo. Prazer. Sexo. Sexo. Sexo. Sexo. Nós vivemos por sexo. Trabalhamos por sexo. Ganhamos nosso orçamento para saciar nossa vontade de sexo. Nos divertimos com a intenção de sexo de fim de noite. Puritanismo imbecil. O orgasmo, o gozo é a melhor sensação que experimentamos. E, infame, nascemos de uma gozada. Na verdade nós não passamos de porra e ovulo. Nos somos estrógeno e testosterona. Ademais, é só o caminho. Sinceramente, quão felizes são as pessoas de vida fácil: unem o útil ao agradável.

Avarentos, juntamos o que de mais sujo há na sociedade. Nos recolhemos em função de nosso “bem-estar”. Sedentos de sempre poder mais e mais e mais e mais. A AVAREZA não é pecado, é resultado.

Há pecados menores, aos quais nem me atento a comentar. Quem nunca dormiu até sentir o corpo doer? (PREGUIÇA) Quem nunca comeu até ficar com aquela sensação de “moleza”? (GULA)

 

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Hoje eu confesso, eu tive vontade de jogar tudo pro alto, desaparecer mesmo, mudar de nome, começar de novo... Às vezes a gente começa de novo e nem percebe. Mas como minha cicatriz no rosto, algumas coisas não se apagam.

Hoje eu tive vontade de sentar no meio-fio da rua e chorar, aquele choro de soluço mesmo, que precisa de colo de mãe. Colo de mãe. Colo de mãe. Mas eu não tive lágrimas. Eu tenho sido seco. Acho que a sociedade me imprimiu um sorriso de farsa e uma dureza falsa.

As lágrimas ficaram presas em algum engarrafamento de minhas memórias. E o tráfego ficou muito congestionado, na chegada, na minha cama, debaixo do edredom que abafou meus soluços.

Tal qual talco, eu disfarço uma rigidez de rocha. Penso, que, quem sabe, isso seja uma real fortaleza. Não sei. Eu esqueci como é um choro público, o deixar fluir de lágrimas. A sensação de cócegas na bochecha.

Hoje eu pensei em futuro. Hoje eu senti uma inveja incalculável dos andarilhos. Hoje eu sonhei em ser andarilho “quando crescer”.

Eu me senti desconfortável comigo mesmo. Eu, que não sou um hábil engolidor de sapos, engoli, melhor, guardei todos os devaneios para um post de um blog.

Quão medíocre!

Hoje eu tive, tenho, raiva do mundo, de sorrisos, de tudo que possa parecer feliz.

E de todos, o meu maior defeito é que eu sei mentir muito bem para mim mesmo.

Hoje meu choro não foi assim completamente de raiva. Tinha muito de tristeza. Tinha muito de vontade de ser aceito. Tinha muito de ausência.

Tinha lágrimas de vontade de me sentir em casa.

Mais um começo. Até quando?