interessado em alguma bobagem

sexta-feira, 29 de junho de 2012

3 doses agridoces de ontem e hoje

1

Eu sou um fumante inveterado. Mais de 20 doses da vitamina nicotina diárias. Ontem, aguardando meu hexaedro de alcatrão, na fila de uma loja de conveniência de posto, presenciei um diálogo de um casal, que comprava 3 cervejas “Crystal”:

Ela: - Seria melhor ( algo inteligível em função de uma voz trêmula e submissa)…

Ele: - Se você não sabe não fala. Para de ser burra… que porra… (percebendo uma pressão demasiada vindo da mão masculina de dedos rudes)

Ela, negra, de aparência humilde, cabelos alisados e ressecados, pele sofrida, chinelos velhos e puídos, direcionou um olhar discreto, verificando acaso alguém percebera aquele afronta, insulto, assédio de alma… “burra” percebeu meus olhos e direcionou um olhar vulgarmente profundo para a lajota fria, tão muda quanto seus lábios ressecados.

As moedas, que recebia como troco, manifestaram uma vibração tímida. Era compaixão?

Bruto e tosco, homem, abriu uma lata de cerveja, ajeitou as outras numa sacolinha de plástico, arrastou seu objeto sexual. Mal sabia ele, quão pesado era o rancor acumulado naquele “ser-buraco”.

Saindo da loja de conveniência, recebi um olhar pungente da submissa senhora. Era um grito, mudo, de socorro, de vergonha.

Ele, com a latinha de cerveja na mão, guiava um carro popular.

Para onde?

Não sei.

 

2

lagarta

Almoço com muita frequência num restaurante bem próximo de onde trabalho. Com colegas, amigos, deglutimos o tempo com sabor de amenidades, questões salariais, atualidades, experiências, sutilezas, sorrisos, pecados, confissões, sarcasmo…

Voltamos, lentos, caminhando, digerindo as impressões de mais 4 horas de labuta vindouras.

Hoje, adocicamos a alma apreciando o movimento coletivo de larvas, feias, de borboletas. Apimentadas de medo, temperavam a impressão de poder, deslocando-se juntas.

Eram fome de coragem. Destemidas, juntas, eram saciedade.

 

3

lote

Volto contemplativo de vida. Volto vicioso pra casa, após laudos, reuniões, trabalho.

Só, naquele trajeto de lote baldio, de chão de terra, irregular pela força do tempo, como em movimento involuntário de passo ante passo, é ali que eu planejo o resto de vida, os resquícios de sol, a poeira da noite.

Sempre, neste caminho, travo embate com a presença de um morador de rua, invisível, barba e cabelos desgrenhados de transpiração, migalhas, sacrifício de acordar, morrer percorrendo as trechos de vida, morto social,  abatido por carro do ano transfeito em espelho de banheiro, maculado pela invisibilidade de seu reduto, seu lar, ser assim tão amplo. E toda aquela amplidão de lotes baldios, ruas, avenidas, viadutos, marquises de supermercados são suas grades.

Preso.

Hoje, aquele homem, num lote baldio,  feito criança, empinava uma pipa. Os olhos brilhavam mirando um compilado de varetas de bambu e papel de seda vermelho. Sua redenção.

Hostil, sua verdade de dentes puídos, expostos. O embate, era invisível, como fora ele, durante tanto tempo. Ele era o gladiador que apunhalava violentamente meus conceitos. Vil, apunhalava um garoto, loiro, que dentro de um carro de luxo, alvoroçado, chamava a atenção de seu pai para aquele homem feito, criança. Aquele sorriso era a detenção daquela criança. A pipa, por segundos, foi o fluido, quente, que correu pelas veias daquele homem.

Dias atrás, eu vi aquele homem chorar, recostado ao viaduto.

Tímido, ousei ser povo, e fingi para mim, não ver.

Hoje, foi eu, ferido,  que fingi não chorar.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

outras memória de página de caderno envelhecido

Dia difícil.

Recusei o convite para um jantar muito aguardado na casa de amigos. Em busca de iguais, de colo, justiça. Encontrei o fator “política”. Com uma boa quantidade de frustração, cheguei em casa, resolvi voltar ao tempo e escrever coisas boas, como eu escrevia nas minhas últimas páginas de caderno. Não bastava um teclado. Eu precisava de contato, traço.

Esgotado, faltou inspiração.  Faltou disposição. Sobrou a necessidade de coisas boas. Foram as redes sociais que me acolheram com citações.

Interessante, minha grafia é tão diferente de antes. Letras de forma, maiores, substituíram a cursiva que causava miopia aos professores de Ensino Médio. Traços determinados, crentes no possível.

Parece que eu também cresci. Minhas reações estão mais “planas”, sem os vincos comuns dos impropérios, sem os rompantes.  Todo aquela expectativa de mimetizar-me, camuflar-me, transformou-se em disposição de “sangue nos olhos”, vontade de ir a luta, após constatação de que os contos de fada, não se assemelham aos contos de fada.

Estou maior, já faz um bom tempo que percebo isso. Talvez seja a proximidade dos meus 30 anos. Talvez, apenas a constatação de que o adjetivo “balzaquiano” é mais andrógino do que parece.

Talvez, também tenha havido um “upgrade” no meu HD direcionado ao rancor, frustração, hombridade e paciência.

Houve um tempo, em que a atual conjectura,/ me faria arrancar cabelos, ter vontade de pular do prédio, beber, chorar muito. Não que não seja mais necessário, não que não seja mais possível, mas eu levo a vida tranquilo. Punhal entre os dentes. E as lágrimas substituídas por sangue. Sangue de dor, orgulho.

Sim, eu tenho orgulho.

Vontade.

 

inteirainteira2trecho1trecho2trecho3trecho4

domingo, 17 de junho de 2012

lembretes e conceitos abolidos nos trilhos dos valores de um parque infantil

224933_431564253532558_1117558449_nEstou tentando me ater a esquecer conceitos

Da moral instituída

Dos valores estipulados

Empurrados goela abaixo.

Indigestos.

blo 1

Perdemos nosso tempo analisando o intangível

Felicidade

Tristeza

Saudade

quero ser gargalhada

quero salgar a terra com lágrimas

quero me arrepender do feito

quero marcas

cicatrizes

pele e gozo

blo 2

Procuramos o novo,

extraordinário.

 

Vale a pena?

 

Está ali

corriqueiro

vulgar

safado

trivial

bandido.

Tão banal e inútil

que escorrega

liso e raso.

 

Isentos de culpa,

Divagamos

deixamos nosso pensamento ao sabor do vento

Perambulamos entre caminhos intricados

numa dimensão que está dentro do arquivo das lembranças

Idealizamos demais.

Esquecemos que é isso.

Irresolutos de viver

fluidos e instáveis

deixamos escapar.

Momentos desinteressados.

blo3

 

do jeito que eu quis

e não da forma como os outros quiseram.

 

 

blo4

Ontem senti o pulsar do peito

abraço amigo.

Praça Cívica

adulto

demaquilei os dedos em riste

parquinho de criança

o vento no cabelo rijo

relevei o que os outros pensam

sobre trilhos

Sem escolhas

o vento feriu meu glamour de possuir pelo no púbis

 

Não havia felicidade

Havia sorriso

Havia verdade

Momento desinteressado.

 

O primeiro post deste blog foi intitulado ventava

no carrinho

sobre trilhos

 

“Ói, olhe o céu, já não é o mesmo céu que você conheceu, não é mais
Vê, ói que céu, é um céu carregado e rajado, suspenso no ar

Vê, é o sinal, é o sinal das trombetas, dos anjos e dos guardiões
Ói, lá vem Deus, deslizando no céu entre brumas de mil megatons

Ói, olhe o mal, vem de braços e abraços com o bem num romance astral

Amém.”

num parque infantil

ventava

sorrisos

lembranças

meu pai me acompanhou na primeira volta de montanha russa…

parque de interior de minas

 

frio no rosto

saudade de pai

de casa

resultado do passar do tempo

 

dos trilhos restou o gosto amargo de ressaca

nos trilhos

contrariamos

o conceito de pai com filho no colo

o conceito  “moral”

o conceito “família”

Minha camisa rosa sobrepondo regata azul

não era foco

inconvenientes olhares

tiros de 12

sussurros

os toques fugazes, tímidos e temerosos

ultraje

afronta

meu sorriso

inapropriado aos costumes

 

"conjunto de regras de conduta consideradas como válidas, éticas, quer de modo absoluto para qualquer tempo ou lugar, quer para grupos ou pessoa determinada" (Aurélio Buarque de Hollanda)

 

Dois homens

Duas mulheres

bocas marcadas por sorrisos sobrepondo lágrimas

marcadas por teor adulto

sujas

vulgares

sagazes

sedentas de socorro

aflitas por carinho

transfiguradas em abolição

da propriedade privada

“julgar”.

 

Úteros e falos

perto demais.

 

Ouvidos atentos

às bocas que pronunciam “Amém”

 

Ser diferente não é fácil

Combalido caminhar entre o conceito do certo

ser errado

mancha

Sou nódoa

Pecha do que se espera de um falo

 

Acaso sou o fato?

Sou lance do que ocorre entre minhas quatro paredes?

Sou o resultado de quem deita ao meu lado?

Cuspe na face da hierarquia

Escarro no seio familiar.

 

Sou o acidente nas cartadas da vida

Não lembro como cheguei em casa

bebi a vida.

 

Eu

nunca disse “eu te amo” ao meu pai

Eu corri o risco de sorrir.

pular e dançar

vexar conceito

“ pensam de mim”.

5

 

Fui num parquinho infantil

de lá, pra cá

andei sozinho,

assisti TV,

apreciei uma mariposa

conferi extrato bancário

e entre um débito e uma transferência

fumei meu cigarro

zombei mentalmente de uma senhora com um decote

senti nojo da unha com micose do cara do supermercado

tive desejos mundanos

cocei o nariz

bebi cerveja

chutei uma tampa de garrafa

esperei os carros para atravessar a rua

fiquei nu

cantei sozinho em casa

comi lasanha de micro-ondas

percebi um “roxo” no joelho

tomei um calmante.

6

E o resultado?

Hoje eu me peguei encarando o teto.

A textura, a diferença de tonalidades.

Eu não escrevi lembretes e colei na porta da geladeira.

terça-feira, 12 de junho de 2012

puta-brasillis - 12/06/12 - o dia em que Brasília fudeu os machistas e homofóbicos brasileiros

Desculpem o vocabulário textual,

mas,

a maior afronta,

é o teor do telejornal.

 

[Aplausos]

a vida imita a arte

[aplausos]

As escutas podem ser desqualificadas

[aplausos]

E o Dr Cachoeira será liberado….

[aplauso]

contei o caso do José Ninguém

José Ninguém, preso.

crime?

Fome.

[aplausos]

terra brasillis

no Brazil com Z do celular Demóstenes…

[aplauso]

no dia dos amantes,

enamorados de miséria,

na comemoração do amor

nós que fazemos sexo,

somos fudidos numa degustação de pizza,

repito: Brasil machista fudido.

Brasília é o melhor decreto da Marcha das Vadias.

Pizza.

Regozijo.

Foda.

Regalo.

Pizza.

Como crianças na ciranda de uma foda.

Gozo

Pizza-foda.

"pseudo democracia Brasil"

brasileiro, não desisto nunca...

sado-Brasília

masoquista-povo

[aplauso]

gozo

pornô

gozo

[aplauso]

fantoche-povo

país "pornochanchada"

Fode.

Macho-Brasília

fode

quem não paga ex-ministro

fode

as putas-brasillis

fode

os zé

fode

os pedros e paulos

e fode as putas

putas-brasillis

as minúsculas putas-voto-brasillis

[aplauso]

no final da semana,

as putas comem galinha

e os sado comem a picanha.

picanha dos puta-brasillis

um gangbang bareback

umas 5 ou 6 dezenas de sado-democráticos Brazil.

[aplauso]

febre

nariz vermelho

gripe

febre de aplauso vergonha.

[aplauso]

12 de junho

comemoramos a orgia Brasília.

Não desce a menstruação.

foram estes puta-brasillis

sem anti-concepcional educação

grávidos

fêmeas-putas-machos

homofóbicos

grávidos de estupidez humana.

[aplauso]

parados,

talvez de resguardo...

[aplauso]

As notícias de Brasília

confissão cínica

dos vítimas...

ah, puta-brasillis.

Bem vindos.

Mas o cafetão cobra caro.

E quem nunca sentiu prazer com sexo anal.

Ser puta-brasillis

tomar no cú

não faz mal.

Quando será o próximo período chuca-eleitoral?

sexta-feira, 1 de junho de 2012

sou brasileiro, no meu inferno, eu não desisto nunca… - Senador, vem ser Brasil– a gente esquece…

não vou para o céu…

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Demóstenes Torres: “Redescobri Deus. Se eu cheguei até aqui, é porque readquiri a fé”

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Não…

eu não vou para o céu…

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Silvio Costa (PTB-PE): "Vossa Excelência passou cinco horas e não conseguiu se explicar ao país. O seu silêncio é a mais perfeita tradução da sua culpa. Ele escreve em letras garrafais: eu, Demóstenes Torres, sou sim membro da quadrilha do senhor Cachoeira, sou sim o braço legislativo da quadrilha do senhor Cachoeira"…. “Se o céu existe, o senhor não vai para o céu porque o céu não é lugar de mentirosos, de pessoa hipócrita"

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Cabe ressaltar:

Silvio Costa (PTB-PE): "Vossa Excelência passou cinco horas e não conseguiu se explicar ao país. O seu silêncio é a mais perfeita tradução da sua culpa. Ele escreve em letras garrafais: eu, Demóstenes Torres, sou sim membro da quadrilha do senhor Cachoeira, sou sim o braço legislativo da quadrilha do senhor Cachoeira"…. “Se o céu existe, o senhor não vai para o céu porque o céu não é lugar de mentirosos, de pessoa hipócrita"

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O seu silêncio é a mais perfeita tradução da sua culpa.

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O seu silêncio é a mais perfeita tradução da sua culpa.

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Obrigado

Sr. Silvio Costa.

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“Se o céu existe, o senhor não vai para o céu porque o céu não é lugar de mentirosos, de pessoa hipócrita"

“Se o céu existe, o senhor não vai para o céu porque o céu não é lugar de mentirosos, de pessoa hipócrita"

“Se o céu existe, o senhor não vai para o céu porque o céu não é lugar de mentirosos, de pessoa hipócrita"

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Não,

eu não vou para o céu.

Não.

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Prefiro o inferno,

ao "silêncio-hipócrita"?

Não…

por favor….

inferno…

No inferno,

a perversão é carne...

O pecado é meu.

E, eu…

não sou santo.

Nem almejo.

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Neopentecostal, católico ou descrente…

Pedofilia é abusar de um país criança…

de um país  “educação-fetal”

Violentar a pueril capacidade do “brasileiro que não desiste nunca”.

(mas esquece)

não é pecado.

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O pior pecado:

silêncio.

Sim,

o “SILÊNCIO”.

O pior pecado:

é esquecer que mês que vem

ou,

depois do feriado de semana que vem,

a gente se esquece…

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É junho…

enamora-me a possibilidade de ouvir o “anjo-Marconi”

12 de junho…

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Oh!

Senador…

vem ser Brasil

curta um pouco o inferno

que o “paraíso-legislativo-executivo-judiciário” nos proporciona

vem ser povo

vem ser gente

vem ganhar salário mínimo

vem ser brasileiro

vem ser Brasil.

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Aliás, o Sr viu?

Hoje o imposto da cerveja aumentou,

o do ar-condicionado abaixou.

Larga o Blue Label

vem beber Cristal.

Curtir ventinho de ventilador.

Escrever voçe com “cê cedilha”.

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Uma pena…

tanto pra lhe  contar

mas,

amanhã,

acordo cedo.

Amanhã,

eu vou “pro trampo”.

Amanhã,

eu vou garantir a minha cerveja do fim de semana.

Afinal,

o imposto aumentou.

Mas,

Senador Demóstenes,

amanhã,

eu vou fazer jus ao meu salário.

E,

agora,

na minha fronha puída,

eu vou me deitar com a consciência tranquila.

Tranquilo,

no meu inferno,

eu posso levar a vida tranquilo.