interessado em alguma bobagem

domingo, 22 de julho de 2012

deturpação entre 4 paredes / a dedetização reversa / é público / temor da rua / tá com medinho? / é preciso estar atento e forte! / o “Pirigo”, tá lá

 

FATO: 

“Em razão da deturpação da finalidade, o evento semanal “Grande Hotel vive o Choro”, de iniciativa da Prefeitura de Goiânia, será suspenso a partir de hoje (20/7) e passará por uma reformulação.”

Fonte: Ministério Público de Goiás.

CONTRA FATO:

“Quem saiu de casa nesta sexta-feira (20/7) com destino ao Grande Hotel para assistir às apresentações culturais ao ar livre do projeto “Grande Hotel Revive o Choro” se deparou com uma operação de policiais e guardas, carinhosamente apelidada por mim de operação dedetização. O Chorinho foi suspenso e deve passar por reformulação. Esses policiais estão por lá para dar o recado ao “público-problema” (nas palavras de um coronel) e limpar a área. Ministério Público, Polícia Militar, Polícia Civil, Guarda Municipal, Secretaria de Cultura e Corpo de Bombeiros foram quem decidiram por esta suspensão em reunião. Antes mesmo da reformulação, eu digo a todos vocês que participaram dessa reunião, enquanto cidadã, da perspectiva da platéia e artista, de quem sobe ao palco: vocês tomaram uma decisão errada.


A justificativa pela suspensão do projeto, de acordo com a nota do Ministério Público é a “deturpação da finalidade do evento”. Reescrevo para vocês, com todas as palavras do documento. “A reformulação visa garantir segurança ao público que aprecia o ritmo musical, retorno da tranqüilidade aos moradores daquela região e, em especial, coibir as diversas irregularidades e atividades criminosas que estão acontecendo no local, como tráfico e uso de drogas, venda de bebida alcóolica a adolescentes, perturbação ao sossego público, prostituição, entre outros”. Eles reclamam, ainda, do público que permanece no local, ao fim dos shows, fazendo som com atabaques e tambores.


Eu não sei qual Centro os participantes dessa reunião vêem pela noite quando por lá circulam. O que eu vejo, há muitos anos, é um bairro cheio de história, em cada esquina; beleza e nostalgia em cada Art Déco, mas que vem sendo jogado às moscas. Um espaço em que há, por todos os cantos, prostituição, tráfico e uso de drogas e adolescentes bebendo álcool. Um setor que, ao fechar das portas do comércio durante o dia, se torna um setor perigoso e desumanizado. Os problemas, identificados no Chorinho, simplesmente moram no Centro.


De dar medo de esperar por ônibus na Avenida Tocantins depois de assistir a uma peça no Goiânia Ouro. De apresentar perigo estacionar na Rua Dois e descer a pé até a Avenida Goiás. Com ou sem Chorinho. É esse o Centro de Goiânia. O projeto “Grande Hotel Revive o Choro” era o único projeto cultural permanente (digo por ser semanal) nas ruas, de cunho público e gratuito. E mais, central, com a possibilidade de atrair pessoas de todos os cantos da cidade. Esse projeto era uma das únicas esperanças de se começar a humanizar a noite desse Centro, porque começa pelas ruas. E todo mundo tem medo do que acontece nelas. Por quê? Porque é lugar de todo mundo. De rico, pobre, drogado, prostituta, gays, héteros, idosos e crianças. E isso assusta.


O primeiro parabéns que recebi no último show dos Passarinhos do Cerrado, que por acaso foi na última edição do Chorinho antes da suspensão (última sexta 13), foi de um mendigo. Ele estava emocionado com o show, bêbado e, depois de me dar parabéns, pediu a cerveja do meu amigo que conversava comigo. E saiu, sem atrapalhar ninguém. Esse mendigo não assistiria a esse show se não fosse nas ruas. Mesmo que de graça, ele não entraria nem no Goiânia Ouro, nem Teatro Goiânia nem mesmo dentro do próprio Grande Hotel. E todo mundo sabe disso.


A rua é temida em Goiânia. O espaço mais difícil de se ocupar; ainda mais culturalmente. Ou alguém aqui se esqueceu do Carnaval de 2009 quando havia festa nas ruas da Avenida Araguaia e artistas e público foram agredidos por Policiais Militares de forma absurdamente covarde? A justificativa daquela vez (assim como desta do Chorinho) era esse tal “público-problema”. O público que aparece quando as festas são nas ruas. O público que está sendo varrido nesse momento.


E, ainda, qualquer manifestação cultural que provoque barulho em Goiânia tão logo é taxada de “perturbação ao sossego público”. E quem disse que o povo daqui quer sossego numa sexta depois de expediente? As três mil pessoas que estão nas ruas da Avenida Goiás querem arte. Querem se divertir. E arte não é, nem nunca será sinônimo de sossego. Até quando o sossego público será mais importante que as manifestações artísticas? E, todos nós sabemos bem, que o local é muito mais comercial que residencial. Deve haver muito mais moradores reclamando de barulho e perturbação Marista e Bueno afora.


Caros participantes da reunião que tomaram essa decisão, a operação que vocês deveriam empreender era a de combater todas essas criminalidades apontadas na nota que acontecem em todo o Centro, onde sempre existiram, diariamente, há muito tempo. E isso não se faz com a força da polícia. É um problema que envolve todo o Estado. Vocês não vão suspender esses problemas ao suspender o Chorinho. E se por acaso estão pensando em levar o projeto para algum lugar fechado (ainda que público, ainda que gratuito), já digo, não será o Chorinho, será qualquer outra coisa cultural. Não será democrático da mesma forma.


Não será justo com os goianienses que há muitos anos batalham por esse projeto e por esse espaço (passando pela compra do Grande Hotel pela prefeitura quando INSS era o proprietário e queria transformá-lo em agência e pelo enfrentamento dos escândalos de corrupção dentro da Secult que paralisaram o projeto). Não passará de uma covardia, esquivando-se da rua e dos seus problemas. Vocês estarão fechando os olhos para os problemas que habitam o Centro há muitos anos e que, inevitavelmente, estariam presentes no Chorinho.


O que deve ser compreendido é que o Chorinho está aí para humanizar o Centro. É uma das ferramentas para combater todas as criminalidades que lá existem. O Centro deve ser, cada vez mais, ocupado e não temido. Num raio de dois quilômetros temos: Teatro Goiânia, Teatro Rio Vermelho, Goiânia Ouro, Mercado Central, Mercado da Rua 57, Martim Cererê e Grande Hotel. Os espaços não dialogam entre si. E, pior, mais da metade está parada ou com má ocupação cultural. E um dos únicos projetos ainda em funcionamento está, a partir de hoje, suspenso. Porque as ruas são temidas assim como certos tipos de cidadãos que as ocupam irrestritamente. O Centro e as ruas devem ser, cada vez mais, humanizados e não dedetizados.”

Fonte: Coluna de Nádia Junqueira no site – aredação.

(grifo meu)

REVERÊNCIAS:

 

Nádia Junqueira

Com ou sem Chorinho. É esse o Centro de Goiânia.

IRONIAS / FALSAS VERDADES / VERDADES INCONVENIENTES:

Demóstenes Torres volta ao trabalho no Ministério Público de Goiás

Senador cassado passou duas horas no órgão, na manhã desta sexta-feira.
Ele preferiu não falar com a imprensa e recebeu a visita de um promotor.

Fonte: G1-Goiás

 

ODE:

.

PARA QUEM SE PREOCUPA :

com que roupa?

Pois é….

 

CONCLUSÕES:

O Marconi Perigo tá lá!

É preciso estar atento e forte!

E,

o Ministério é Público!

“Atenção ao dobrar uma esquina
Uma alegria, atenção menina
Você vem, quantos anos você tem?
Atenção, precisa ter olhos firmes
Pra este sol, para esta escuridão

Atenção
Tudo é perigoso
Tudo é divino maravilhoso
Atenção para o refrão
É preciso estar atento e forte
Não temos tempo de temer a morte ”

-

“Atenção, precisa ter olhos firmes”

Há tempo de temer

que a admiração transforme-se em decepção.

domingo, 15 de julho de 2012

releituras: esquivando da verdade do mundo imundo / esperança / cometendo a eutanásia de meu escudo

 

Para ser compreendido

Cada estrofe é inevitável

---livre---

643 dias depois de “incorretos sob perspectiva de Deus

Eu transcrevo o texto de 11/10/2012:

 

incorretos sob perspectiva de Deus

MULTIDAO

hoje morreram Antônios, Marias e Robertos

Terezas, Paulos e Júlias.

hoje morreram pais, mães, tios e avós.

Irmãos, netos e filhos.

mas, hoje sou um pouco menos desiludido de gente

hoje sou mais velho escorrendo pelos dedos antes de chegar ao gozo

lembrar de gente que nem ao menos ouviu meu verborrágico “oi”

estúpida humildade sórdida de pensar que não estou sozinho

Hoje eu choraria em festa, mas resolvi dançar em velórios.

Enfastiado, morro, cada dia, um pouquinho mais, e mais.

Pareço plástico. Rígido, limitado.

Que tirem meus documentos.

Sucumbo ao fracasso de cada esquina em que as prostitutas fumam.

espatifado por veracidade falsa,

minha identidade me pega… me sova… me julga…

esbarro em foragidos da verdade de mundo

imundo

realidades abstratas de sonhos que não acredito

e não acreditar em sonho

é morrer um pouco mais

e mais

e mais

depois há, ainda, um outro mal-estar de descobrir que o coração bate

de descobrir súbitas mentiras para ti mesmo

e morrer um pouquinho mais.

eutanásia é o cúmulo de lucidez

e Dostoievski me disse que quando se perde o medo da morte se é Deus.

meus, momentos, filhos sem pai, órfãos

hipócritas tratam seu ofensor com bondade

contundente é saber que eu morrerei sem entender absolutamente nada do mundo.

dos homens.

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( eu escrevo o que quero que não entendam, mas cada palavra tem seu dicionário interior, seu medo, sua fúria, seu pecado, sua verdade e sua mentira. tudo bem, não sinta meus olhos e nem estenda-me os olhos )

---livre---

E depois, antes e agora:

[...]Sem esperança esses "nós" desistem. Eu sei que não se pode viver só de esperança, mas sem esperança não vale apena viver

Harvey Milk

 

Harvey Milk–Hope

---livre---

Tradução da aceitação do Oscar de melhor roteiro original pelo filme MILK para Dustin Lance Black...


Ele disse:

“Quando eu era pequeno minha mãe me retirou da igreja (conservadora) dos mórmons no Texas e me mostrou a historia de Harvey Milk na Califórnia. Isso me deu esperança que eu poderia viver a minha vida, viver a minha vida abertamente sendo quem eu sou e também me deu esperança que um dia eu poderia sentir amor também e se casar...”

Aplausos...

“Eu gostaria de agradecer a minha mãe que sempre me amou do jeito que eu sou mesmo ela tendo sofrendo pressão para não me amar assim...”

Pausa...

“Mas o mais importante de tudo, e que se a 30 anos atrás Harvel Milk não tivesse sido tirado da gente (ele foi cruelmente assassinado por homofobia) ele gostaria que eu dissesse agora para todos/as crianças, jovens e adolescentes lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais por todo o mundo os quais escutaram das igrejas e do governo ou pelas próprias famílias que eles não tinham valor, Harvey disse que nos todos somos criaturas maravilhosas e temos valores incríveis e não importa o que qualquer pessoa diga sempre saiba que DEUS te ama e eu te prometo que mais cedo do que tarde nos teremos direitos iguais em nossa grande nação a nível federal. Thank you e obrigado a Deus por ter nos dado Harvey Milk”.

Aplausos...

Fonte: http://milk.gay1.com.br/

---livre---

Mas há esperança:

http://quemsaoeles.tumblr.com/

---livre---

difícil distanciar-se da proteção do armário

Mas há de se ter coragem

Ser homem

http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/eliane-brum/noticia/2012/01/pedro-e-joao-historia-de-dois-meninos-gays-e-uma-infancia-devastada.html

Ser “Pedro” não é fácil.

228 comentário em 6 meses

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São por eles:

https://homofobiamata.wordpress.com/

---livre---

É com um nó na boca do estômago

Que eu fecho esta postagem

Não quero sentir saudades do meu armário.