interessado em alguma bobagem

domingo, 23 de setembro de 2012

doses agridoces de ontem e hoje – essas mulheres

Já frequentei tantas festas mundanas na noite que não me atrevo a contabiliza-las. Notívago, o explícito anuviado da noite me atrai mais que o incerto asseio do dia.

Digno de pena são aqueles que dependem do sol. Quão excitante é o brilho das sombras!

E, no brilho da noite, resta a máxima do filosofo: ser é perceber e ser percebido.

Ela, dançava. Sublime, desfilava a delicadeza de cada gota de seu estrógeno. Um certo descompasso entre o movimento dos braços e pernas não era o foco. Ela, salientando novamente a delicadeza, tinha toda a debilidade covarde e apurada que só o clitóris feminino pode conferir.

E ali, onde, todos, aceitos, eram meros objetos de uma vibração sonora, débeis, porém habilitados a luta, fomos covardes. Ela era o centro. Percebi que ela era o usufruto da galhofa.

O sangue é o destroço da esperança da vida.

E, ela, absorta ao som, não percebia que aquela mancha vermelha na sua saia branca, maculava tudo que todo o tempo procurávamos. Aceitação.

Eu, você e todos que ali estavam somos o resultado daquele sangue que não escorreu. Aquele líquido, que manchava o tecido branco, foi o que nossas progenitoras, mães, não perceberam depois de um ciclo menstrual, quando éramos um mero amontoado de células no seu útero.

Tímido, enfrentei a omissão perversa de todos aqueles espectadores.

Abordei. A coloquei a par daquela situação.

Aflita e constrangida, não menos que eu, ela abandonou a pista. Pouco tempo depois, aquele lindo representante de toda a feminilidade, após um singelo beijo no meu rosto, cruzou a porta de saída.

E, todos os espectadores, órfãos da chacota, continuaram, alienados, no nosso mundinho, nada complexo de balançar braços e pernas.

Todos sabíamos que ela não tinha um amontoado de células no útero. Talvez, nunca viesse a ter em função de sua orientação sexual.

Quanta vida há em todo aquele líquido viscoso que escorre do útero das mulheres.  Nada mais vivo que aquele velório mensal.

Um comentário:

izani disse...


Nunca tinha pensado assim da menstruação: um monte de óvulos mortos!
Não preciso dizer que amei né?
Grande beijo