interessado em alguma bobagem

sábado, 29 de janeiro de 2011

tarja branca

Andar depressa.

Querendo ficar.

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Isolamento voluntário.

O que você expõe na sua estante?

O que fica debaixo do seu cobertor?

Quem faz a lista do mercado?

Qual a melhor marca de azeite?

Qual a diferença de almeirão e acelga?

Quem lhe acompanha numa caminhada pelo parque?

Com quem você reclama do calor?

Quem elogia seu tempero?

Quem reclama da sua desorganização?

O que você faz com a cópia da chave de seu apartamento?

Com quem você reclama dos desmandos políticos exibidos pelo Jornal Nacional?

Quem pergunta como foi seu dia?

De que lado você dorme na cama?

Com quem discute o itinerário das próximas férias?

Qual cd você escolhe numa tarde chuvosa?

Quem ri das suas piadas sem graça?

Quem comenta quando é hora de cortar o cabelo?

Com quem você compartilha seus pensamentos mais sórdidos?

Com quem você conversa quando até mesmo o espelho não consegue lhe olhar nos olhos?

Quem te abraça quando vem o soluço do choro?

Quem te abraça quando vem o soluço do choro?

Quem te abraça?

Quem te abraça?

Quando você chora?

 

Traquejo.

 

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Isolamento às vezes é apenas uma forma de afrouxar os estreitos laços sociais.

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Tarja branca: informa que o medicamento não apresenta riscos, pode ser consumido sem prescrição médica. Este medicamento não é vendido, é oferecido nos mais variados locais, entretanto depende de interações cujo mecanismo químico ainda é desconhecido.

A Tarja branca pode ser substituída sem sucesso por tarjas pretas, álcool, drogas, sexo ocasional, abraço de mãe e ombro de amigos.

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Ha detto "un giorno tu mi capirai"

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Ser só é ser livre.

E a liberdade não consola seu soluço de choro.

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Quem te abraça quando vem o soluço do choro?

Uma lágrima não contida, que escorre pela face e atinge o chão é a pior das tempestades e pode provocar danos incalculáveis e irreparáveis.

as contradições da intolerância do “Sr. Correto”

São os outros quem definem e sentenciam quem você é:

O moderno, o tolerante a ponto de ser indulgente.

O sagaz, o perspicaz e sutilmente tolo.

Porque não o lascivo, o jocoso e desequilibrado.

Desajustado e desconcertante.

O “city man” de origem rural

O libertino altruísta de deméritos.

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E é ainda assim que, vez ou outra,  me flagro retrogrado e conservador.

Intolerante ao que diverge de meus valores.

Na minha libertinagem encontro espaços claros de moralismos.

Sei que irrito os conservadores, mas me sinto incomodo quando algo torna-se familiar.

O não-familiar cotidiano e comum, me torna brutalmente vil.

Repreendo-me. Confundo, sendo e tendo rejeição a imagem que transpareço.

Impune. Mas de que culpa?

É exatamente como os segundos posteriores ao gozo.

E calo-me sobre os desejos emanados de meu púbis.

É uma ansiedade fruto de fatos hipotéticos.

E é bem aí, escondido, que eu guardo meus preconceitos.

 

“Sei lá se o que me deu foi dado
Sei lá se o que me deu já é meu
Sei lá se o que me deu foi dado ou se é seu”

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

as pessoas não sorriem ao atravessar a rua



Tem dias que eu gosto de andar pela rua, sem rumo. Esquecer, parar pra pensar.

Às vezes, vou longe demais.  
Distâncias medidas em horas de casa.

Entro num transe. Esqueço onde estou.

Hoje,tive logo após o trabalho, um momento assim.  
Sem roupa apropriada e com uma mochila pesada nas costas, fui andarilho de uma Goiânia que nem reconheço.

Quando retomei a consciência verifiquei que estava a quase duas horas de casa.

No retorno, a passos mais largos, rápidos e objetivos... resolvi testar as pessoas.  
Resolvi esboçar o maior sorriso para quem quer que fosse. 
Tirei duas conclusões de meu experimento:

1 – a maioria das pessoas me olhavam com um olhar assustado, julgando-me louco e, talvez, o seja realmente;

2 – as pessoas não sorriem na rua.

O Natal passou.  
Talvez seja muito difícil demonstrar compaixão, por alguém, que, só busca um sorriso, depois de tantos abraços de dezembro.
Em dias de “vacas magras”, cresci sabendo que ainda sei onde se escondem meus mais valiosos sorrisos.

domingo, 2 de janeiro de 2011

um começar de ano baseado em Victor Hugo–Os Miseráveis

O ano era 1862 quando foi publicado Les Misérables.

2011-1862:

  • 149 anos;
  • 5,52 vezes meu período de vida;
  • o Brasil era Império Brasil;
  • tivemos 36 presidentes;
  • 2 guerras mundiais;
  • em 1/10/1982 é publicada a primeira edição do Diário Oficial;
  • Abraham Lincoln fazia a Proclamação da Emancipação libertando os escravos norte-americanos;
  • bombas nucleares foram utilizadas duas vezes matando 200 mil pessoas nas cidades de Hiroshima e Nagasaki;
  • Machado de Assis era um jovem de 23 anos que começava a escrever tendo sido publicadas apenas 3 peças de teatro desconhecidas do grande público;
  • Castro Alves tinha 15 anos e ainda não era um abolicionista;
  • Vincent van Gogh brincava de rabiscar com seus 9 anos;
  • internet, celular, tevê, Madonna, Fernanda Montenegro, Cher, Elvis, Beatles, Skol, cocaína, LSD, raves, casamento homossexual, axé, funk, Chico Buarque, Elis Regina, Xuxa, Globo, Lula, Collor, FHC, efeito estufa, globalização, twitter, facebook, Orkut, blog… que isso?

Assim:

‎" Deus não passa de uma frioleira monstruosa!(...) Sacrificar a terra pelo paraíso é largar a presa pela sombra! É extremamente estúpido ser logrado pelo infinito. O que sou eu senão uma porção do nada? Existia porventura antes de nascer? Não. Continuarei a existir depois de morto? Não. O que sou então? Um pouco de pó agregado por um organismo. Que devo fazer na terra? Posso escolher: sofrer ou gozar. Aonde me conduzirá o sofrimento? Ao nada. Mas terei sofrido. Aonde me levará o gozo? Ao nada. Mas terei gozado. Assim, pois, a minha escolha está feita.(...) Some-se tudo para nunca mais aparecer. Creia-me, a morte é a morte e, por mais que me digam, não posso deixar de rir quando penso nela. É uma invenção de amas de crianças; para estas é o papão, para os homens é Jeová! Além do túmulo, há a igualdade do nada.(...) Aqui está a verdade! Portanto, vivamos, dê por onde der. Façamos uso do nosso eu, enquanto o possuímos." Les Misérables – Victor Hugo.

Atual?

Deixar de curtir cada minuto como se ele fosse o último em respeito a princípios que você não ajudou a formular é perder tempo. Somos nada. Viver é passar por momentos “fodas”. Viver é curtir momentos de extrema satisfação. Ou seja, chore, goze, corte os pulsos e participe de orgias. Tudo acaba, então, vá o mais fundo que conseguir, até onde o corpo aguente… até o limite do espaço do outro.

Em 2011… que feliz ano novo o quê?

Eu vou ser o novo…

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