interessado em alguma bobagem

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

o que precede "violência cotidiana"

"Essa justiça que vela meu sono, eu a repudio, humilhada por precisar dela. Enquanto isso durmo e falsamente me salvo. Nós, os sonsos essenciais. Para que minha casa funcione, exijo de mim como primeiro dever que eu seja sonsa, que eu não exerça a minha revolta e o meu amor, guardados. Se eu não for sonsa, minha casa estremece. Eu devo ter esquecido que embaixo da casa está o terreno, o chão onde nova casa poderia ser erguida. Enquanto isso dormimos e falsamente nos salvamos.
Eu não quero esta casa."

Trecho de Mineirinho - Clarice Lispector


Clarice não escreve, lambusa feridas abertas com mertiolate (de antigamente), que ardia pra burro, mas curava.

Se Deus é bom ou existe, ele tem me indicado textos e livros com os quais tenho tentado passar o tempo.

Tanta coisa que não sei. Isso me desorienta.

a revolução do bicho homem.


“As criaturas de fora olhavam de um porco para um homem, de um homem para um porco e de um porco para um homem outra vez; mas já era impossível distinguir quem era homem, quem era porco.”
A revolução dos bichos - George Orwell.

Interessante como lemos as coisas certas nos momentos certos. Entrei no avião em BH e tinham esquecido o livro "A revolução dos bichos - George Orwell" no acento. Aceitei o presente de bom grado e na espera infinita entre as escalas... debulhei o livro... sobre o qual, inclusive, muito já havia ouvido falar.
O post trás a última frase do livro.
E por ocasião de fatos ocorridos em um dos piores finais de semana de minha vida, me pergunto, queremos nossa sociedade assim?
Eu não.
Estou muito... indignado não seria a palavra adequada... confuso e precisando de respostas a muitos porquês....
Por favor, lutemos pelo mínimo de segurança, educação, saúde e justiça social para este país.... Como diria Lilly Allen... Fuck You.

Preciso explicar melhor, mas preciso digerir o nada que me resta na consciência.
Próximo post tem nome: violência cotidiana.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

espaçamento em sentido imediato

O que une as pessoas, separa.
Real são nossas ilusões contraditórias. Sonho e realidade podem coexistir juntos. Enfrentar os conservadores de peito aberto, não temendo as reações adversas, que mudanças provocam, é "digno".
Contextualizar o sentir original, concentrar o que o rito da natureza fez-nos sentir, trabalhar nossas relações humanas e simplesmente aceitar uma traje-torta-tória.
Frágil? Nunca. Nunca mesmo
De postura singela, este que vos fala, nasceu em Patrocínio, interior mineiro. Mudou-se para Ouro Preto ainda criança de espírito. Amadureceu em ambiente jocoso e manteve nostálgicos desejos de puberdade escondidos. Talvez tenha desconsiderado julgamentos e aceitado distinguir o verdadeiro "eu", tempos depois em terras distintas, Uberlândia ou Goiânia. Convinha a proximidade do "coração do Brasil" associada a um andar indistinto e a garantia pública de sustento.
Continua acreditando na possibilidade de que não relacionem a sua pobre literatura ao caráter multifacetado.
Como é complicada e delicada a relação com a transparência.

Adam Lambert: "Suck on that Westboro."

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

não foi eu quem roubou, do céu, o segredo do fogo, pois nasci sabendo que não sei muita coisa mais.

agradeci conselhos
esquecê-los, nunca pensei

esqueceremos persistindo na adversidade
não esquecer cada momento
desinteressando-se
é mais que idade, tempo.

derramo falsas impressões de choro interno
com sorriso exterior

só o tempo
louco
não aguenta a loucura do mundo
e fecha-se
tal qual segredos de Pandora
pois, afinal, não foi eu quem roubou do céu o segredo do fogo.

os vícios do inventar Gomorra
surpreendem o inventor do que vem a ser "Glamour"

transparecer o fundo dos olhos
tornaria anárquica, suja e violenta
trechos reais de vida
tribos no ensaio do que seria real

encenamos a epopeia dos navegantes sublimes
apostar no abandono do real
é garantia de palcos de sustento
alterar rotas
ser filho único, mais velho
recordar tagarelices fora de roteiro
deslanchar num "casting" de personagens que insistem ser aceitos

O que tenho eu feito?

incorporado máscaas de "alma boa"
admitido crise de identidade contemporânea

Onde encontramos Deus?
Deus necessita de "marketing"?
são os homens quem necessitam
ditados de livros sagrados
de onde vem?
cobiçados e solitários?
disfarce em faces cruéis?

Porque o mal se dá bem?
Porque o bem se dá mal?

escolhas de escola humana
o caminho está invertido?
ao contrário?
placas? não vejo.
Quando finalmente será a estreia?
Há como misturar humor e precisão formal?

disfarço entre uma barba incompleta meu conceito bastardo.
Olhos escondidos,
infames,
inteligentes e sensíveis.
Marejados de lágrimas, mestres e sofridas.

Guaguejar de nervoso?
Falar baixinho?

Nasci sabendo que não sei muita coisa mais...

Surgi no início dos coloridos 80,
desafiei reeerguer desejos e opor meu gênero na decadência comtemplada no início de 90.
e por duas decadas carreguei calado o peso de um lacre dolorido.

O público nunca parece-nos cansado
vertemos em telas desbotadas
vivazes romances, mais proibidos que o de Romeo.

sai de um coma mental
retirei mordaças e vendas

Descobrir, o diretor, que de mim conta histórias de um gueto
intocável
moribundo
marcado
baixo
lançado a decadência
julgado
excêntrico e nada esquisito
exceção
alegre por soerguer e continuar
queda pós queda
normal, entretanto inserido em contexto dito comum
destinado a expor cara a tapa
"remake" de um filme antigo
sem cenário e maquiagem.

adaptamos um filme de um livro a cada despertar

combalidos de crítica religiosa
tornamo-nos produção marginal
"cult"?

Desejei a nada bíblica destruição, pelo fogo, do céu.

Pós-guerra,
tornaremo-nos ourives de felicidade guardada
desfilaremos sofisticados sorrisos nunca dante expostos
guerreiros que somos
lutaremos contra horrendas locações em periferia imunda e marginal
negaremos casas sujas e com mobília velha
e finalmente recusaremos a clandestinidade de lugares sórdidos.

Sobreporemos senso comum.

Comparados a óperas, nas quais personagens sofrem felizes com reviravoltas
venderemos antigos rótulos em sofisticadas lojas
à crédito
de futuro bom.

Cada um sabe seu lugar.
Não há concessões.
Não queremos mais ou menos.
queremos somente igual.

Nada seco ou árido
fascínio por garoa rápida e sol
obra-prima do verdadeiro Criador
época de cor
abraço sincero e beijos lapidados
época de arco-íris.

Goiânia, 03-08-10, 04:17
pesadelo seguido de sonho bom.
Juber.