Dia difícil.
Recusei o convite para um jantar muito aguardado na casa de amigos. Em busca de iguais, de colo, justiça. Encontrei o fator “política”. Com uma boa quantidade de frustração, cheguei em casa, resolvi voltar ao tempo e escrever coisas boas, como eu escrevia nas minhas últimas páginas de caderno. Não bastava um teclado. Eu precisava de contato, traço.
Esgotado, faltou inspiração. Faltou disposição. Sobrou a necessidade de coisas boas. Foram as redes sociais que me acolheram com citações.
Interessante, minha grafia é tão diferente de antes. Letras de forma, maiores, substituíram a cursiva que causava miopia aos professores de Ensino Médio. Traços determinados, crentes no possível.
Parece que eu também cresci. Minhas reações estão mais “planas”, sem os vincos comuns dos impropérios, sem os rompantes. Todo aquela expectativa de mimetizar-me, camuflar-me, transformou-se em disposição de “sangue nos olhos”, vontade de ir a luta, após constatação de que os contos de fada, não se assemelham aos contos de fada.
Estou maior, já faz um bom tempo que percebo isso. Talvez seja a proximidade dos meus 30 anos. Talvez, apenas a constatação de que o adjetivo “balzaquiano” é mais andrógino do que parece.
Talvez, também tenha havido um “upgrade” no meu HD direcionado ao rancor, frustração, hombridade e paciência.
Houve um tempo, em que a atual conjectura,/ me faria arrancar cabelos, ter vontade de pular do prédio, beber, chorar muito. Não que não seja mais necessário, não que não seja mais possível, mas eu levo a vida tranquilo. Punhal entre os dentes. E as lágrimas substituídas por sangue. Sangue de dor, orgulho.
Sim, eu tenho orgulho.
Vontade.
Um comentário:
Ainda cismo em ter cadernos, coleções de canetas, gosto de ver minha letra, num começo caprichado para um final meio aos pulos, descontrolado. certa vez, uma professora me disse que se eu colasse na prova seria prova incontestável minha letra. "É inconfundível". Passaram-se os anos e minha letra continua inconfundível, talvez como o dono dela, tão inconfundível e contraditório. A gente envelhece e se confunde. Sentimentos, sonhos, as coisas não eram para ser confusas, mas claras, muito claras, muito translúcidas. era de se esperar que a vida proporcionasse isso. Enfim, me deu saudosismo de não sei o que. Adorei suas palavras, como sempre, menino-homem inteligente que se faz assim, melhor a cada dia.
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