Começo este “post”, com a mesma “linha de pensamento”, com a qual comecei em 31 de dezembro de 2010: “perspectivas do purgatório na espera incansável pela abertura do portão do céu”.
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Prólogo
(Glossário preliminar)(Fonte: Wikipédia)
Purgatório é a condição e processo de purificação ou castigo temporário em que as almas daqueles que morrem em estado de graça são preparadas para o reino dos céus.
Um castigo é uma sanção usada para reprimir uma conduta considerada incorreta.
Uma pessoa que está em estado de graça vive na amizade e amor de Deus e, se nela morrer, vai para o Céu, pela graça santificante. Por outras palavras, é aquele que não está manchado pelo pecado mortal e, portanto, é considerado santo já na Terra, até que ele caia novamente no pecado. Mas, estar neste estado não quer dizer que não tenha pecados veniais ou penas temporais devidas ao pecado para serem purificadas, necessitando por isso das indulgências e, após a morte, da purificação no Purgatório.
A indulgência é a eliminação total ou parcial das penas temporais do cristão devidas a Deus pelos pecados cometidos, mas já perdoados pelo sacramento da Confissão, na vida terrena. A existência das indulgências é a consequência da crença católica de que o perdão obtido pela confissão não significa a eliminação das penas temporais, ou seja, do mal causado como consequência do pecado já perdoado, necessitando por isso de obter indulgências e praticar as boas obras, afim de reparar o mal que teria sido cometido pelo pecado.
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Corpo
Como mencionado, o texto de 31 de dezembro de 2010, entremeado por meus comentários.
“
perspectivas do purgatório na espera incansável pela abertura do portão do céu
“De uma forma singular, naquele último dia de 2010, eu esperava por um período conturbado, a perspectiva do purgatório”
Em 7 de dezembro de 2008 eu escrevi a sociedade correndo atrás
“Foi naquele olhar arrogante
Do sem jeito, trejeito, lixo de viver
Que vi do que o tempo precisa
O que o passado realiza
E o que minha lógica não permite
Eu vi o que Deus insiste
O Diabo ironiza
E eu, finjo, não saber.”
Dois anos depois eu continuo sem jeito.
“dois anos depois eu só não percebia o quanto eu tinha amadurecido”
O Diabo ainda me ironiza e eu continuo fingindo não saber.
“Não, Tempo, não zombarás de minhas mudanças!
As pirâmides que novamente construíste
Não me parecem novas, nem estranhas
Apenas as mesmas com novas vestimentas.” Willian Shakespeare
Minhas vestimentas estão rasgadas e puídas pelo “Tempo” e, este, zomba de minha imaturidade tardia, de minhas opções erradas e de minha irresponsabilidade cotidiana.
“…e foi o Tempo, ou Deus, indulgente, que em 2011 proporcionou-me as sanções usadas para reprimir minha conduta: imatura-tardia, minhas opções erradas e minha irresponsabilidade cotidiana. Mas, não sei se atingi a purificação no 2011-Purgatório. Pois eu sou homem e peco.”
Eu tenho consciência de que estou mais irresponsável. Lá fora chove e faz o calor característico do Brasil-central. Aqui dentro há uma tempestade incontrolável e fria. Tão fria que meus sorrisos estão esparsos, falsos e amarelos.
“… e continuo irresponsável…”
Eu queria fechar o ano com boas perspectivas para 2011. Eu queria escrever um texto verde de tantas esperanças. Eu queria um texto bonito que arrancasse sorrisos. Eu queria algo que pudesse mostrar meus bons momentos. Mas eu realmente não consigo. E quando se admite não conseguir, se é muito fraco. Nada é inalcançável para aquele que labuta forte. Mas desinteressado, não quero.
“… APÊNDICE…”
Em 2010 foram incontáveis as vezes que quis pular da janela. Foram expressivamente mais longos meus minutos tristes. Entretanto conheci e me aproximei de pessoas maravilhosas. E muitas foram as que se distanciaram, algumas passaram e outra, sem dúvida, vão sempre permanecer.
“Em 2011 não foram minutos. Foram horas e dias tristes. Houveram chegadas, abandonos, distanciamentos. Mas, como nunca d’antes, eu soube o que é despedida, saudade e ausência.”
Em fevereiro de 2010, em um texto retratando o tempo que passei longe do blog (o que aconteceu em menos de um ano), escrevi que “fui ao inferno e voltei”.
Para tal tenho uma coletânea de citações:
“As pessoas que me dizem que eu vou para o inferno e elas vão para o céu de certa forma deixam-me feliz de não estarmos indo para o mesmo lugar.” Mark Twain
“Acredito que estou no inferno, portanto estou nele.” Rimbaud
“Rimbaud, eu tive oportunidade de passar temporadas no inferno, entretanto, não quero voltar nele.”
“No inferno os lugares mais quentes são reservados àqueles que escolheram a neutralidade em tempo de crise.” Dante Alighieri
“Alighieri, no inferno, os lugares mais quentes são reservados àqueles que permaneceram distantes (neutros em tempo de crise). Mas é um calor tão frio. É uma ausência de conforto e colo.”
“Tenho juízo, mas não faço tudo certo, afinal todo paraíso precisa de um pouco de inferno!” Martha Medeiros
Em 2010 eu fui ao inferno novamente. No caminho de volta perdi um pouco o senso de direção. Pensei ter parado no Limbo, mas cometi pecados demais. Estou a tempo demais no meu Purgatório. Arrependendo-me de meus pecados. Temo que o arrependimento seja tardio demais e não me permitam passar pelo portão do Paraíso.
“Em 2011,
eu passei temporadas no inferno.
Não sei se soube o caminho de volta.
Descobri que nem sabia ao certo o que era o Purgatório.
Agora,
eu ainda não sei ao certo
se sei.
Não me arrependo de meus pecados,
eles me fazem forte,
eles me tornam único.
Não me arrependo,
esta é a única forma de ser sincero ao confessa-los.
Não me arrependo.
Eu duvidei de um “reino dos céus”.
Não me recordo de ter sido tão sincero
como quando pude conversar com quem perdi.
Não perdi.
Eu sei que eles estão ali.
Conduta
Castigo
E, estado de graça
aprendi
Aprendi muito.
Se foram estas as penas temporárias,
não sei.
Na verdade, não sei tantas coisas.
Não sei nada.
Não quero a indulgência pela indulgência
Eu quero valer a pena
Eu quero valer a pena
E eu sou a oportunidade,
de que pessoas que não estão aqui,
digam que valeu a pena.
Eu sou salvaguarda de esquecimento.
Eu posso suscitar exemplo.
Pouco importa o tempo, o momento
eu estou vivo.
Perpétuo é quem não desiste.”
”
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Apêndice
No ano anterior, no texto aludido e cá comentado, eu reconheci minhas fraquezas. Evocando a situação premonitório do ano passado. Para 2012:
Eu quero me esvair de dançar
Eu quero ter dores na mandíbula de sorrir
Eu quero beijar na rua
Eu quero andar de mãos dadas
Eu quero retribuir sorrisos nada disfarçados
Eu não preciso desejar, eu sou igual e único.
Eu quero ser feliz.
Agreste e emancipado
Autônomo
Fagueiro e insubmisso
vou abarcar a vereda,
qualquer,
aquiescer empecilho,
com estes,
crescer, evoluir.
Refutar cabalmente minha postura cabiscaída.
Ter fé.
Fé.
(confesso que fé não pertencia ao meu vocabulário antes de 2011)
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Posfácio
Eu não tenho o direito de não mencionar:
Eu sou feliz.
(em cores e sem bordas ou quinas)
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