hoje morreram Antônios, Marias e Robertos
Terezas, Paulos e Júlias.
hoje morreram pais, mães, tios e avós.
Irmãos, netos e filhos.
mas, hoje sou um pouco menos desiludido de gente
hoje sou mais velho escorrendo pelos dedos antes de chegar ao gozo
lembrar de gente que nem ao menos ouviu meu verborrágico “oi”
estúpida humildade sórdida de pensar que não estou sozinho
Hoje eu choraria em festa, mas resolvi dançar em velórios.
Enfastiado, morro, cada dia, um pouquinho mais, e mais.
Pareço plástico. Rígido, limitado.
Que tirem meus documentos.
Sucumbo ao fracasso de cada esquina em que as prostitutas fumam.
espatifado por veracidade falsa,
minha identidade me pega… me sova… me julga…
esbarro em foragidos da verdade de mundo
imundo
realidades abstratas de sonhos que não acredito
e não acreditar em sonho
é morrer um pouco mais
e mais
e mais
depois há, ainda, um outro mal-estar de descobrir que o coração bate
de descobrir súbitas mentiras para ti mesmo
e morrer um pouquinho mais.
eutanásia é o cúmulo de lucidez
e dostoievski me disse que quando se perde o medo da morte se é Deus.
meus, momentos, filhos sem pai, órfãos
hipocritas tratam seu ofensor com bondade
contundente é saber que eu morrerei sem entender absolutamente nada do mundo.
dos homens.
( eu escrevo o que quero que não entemdam, mas cada palavra tem seu dicionário interior, seu medo, sua fúria, seu pecado, sua verdade e sua mentira. tudo bem, não sinta meus olhos e nem estanda-me os olhos )
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