Estou tentando me ater a esquecer conceitos
Da moral instituída
Dos valores estipulados
Empurrados goela abaixo.
Indigestos.
Perdemos nosso tempo analisando o intangível
Felicidade
Tristeza
Saudade
quero ser gargalhada
quero salgar a terra com lágrimas
quero me arrepender do feito
quero marcas
cicatrizes
pele e gozo
Procuramos o novo,
extraordinário.
Vale a pena?
Está ali
corriqueiro
vulgar
safado
trivial
bandido.
Tão banal e inútil
que escorrega
liso e raso.
Isentos de culpa,
Divagamos
deixamos nosso pensamento ao sabor do vento
Perambulamos entre caminhos intricados
numa dimensão que está dentro do arquivo das lembranças
Idealizamos demais.
Esquecemos que é isso.
Irresolutos de viver
fluidos e instáveis
deixamos escapar.
Momentos desinteressados.
do jeito que eu quis
e não da forma como os outros quiseram.
Ontem senti o pulsar do peito
abraço amigo.
Praça Cívica
adulto
demaquilei os dedos em riste
parquinho de criança
o vento no cabelo rijo
relevei o que os outros pensam
sobre trilhos
Sem escolhas
o vento feriu meu glamour de possuir pelo no púbis
Não havia felicidade
Havia sorriso
Havia verdade
Momento desinteressado.
O primeiro post deste blog foi intitulado ventava
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sobre trilhos
“Ói, olhe o céu, já não é o mesmo céu que você conheceu, não é mais
Vê, ói que céu, é um céu carregado e rajado, suspenso no arVê, é o sinal, é o sinal das trombetas, dos anjos e dos guardiões
Ói, lá vem Deus, deslizando no céu entre brumas de mil megatonsÓi, olhe o mal, vem de braços e abraços com o bem num romance astral
Amém.”
num parque infantil
ventava
sorrisos
lembranças
meu pai me acompanhou na primeira volta de montanha russa…
parque de interior de minas
frio no rosto
saudade de pai
de casa
resultado do passar do tempo
dos trilhos restou o gosto amargo de ressaca
nos trilhos
contrariamos
o conceito de pai com filho no colo
o conceito “moral”
o conceito “família”
Minha camisa rosa sobrepondo regata azul
não era foco
inconvenientes olhares
tiros de 12
sussurros
os toques fugazes, tímidos e temerosos
ultraje
afronta
meu sorriso
inapropriado aos costumes
"conjunto de regras de conduta consideradas como válidas, éticas, quer de modo absoluto para qualquer tempo ou lugar, quer para grupos ou pessoa determinada" (Aurélio Buarque de Hollanda)
Dois homens
Duas mulheres
bocas marcadas por sorrisos sobrepondo lágrimas
marcadas por teor adulto
sujas
vulgares
sagazes
sedentas de socorro
aflitas por carinho
transfiguradas em abolição
da propriedade privada
“julgar”.
Úteros e falos
perto demais.
Ouvidos atentos
às bocas que pronunciam “Amém”
Ser diferente não é fácil
Combalido caminhar entre o conceito do certo
ser errado
mancha
Sou nódoa
Pecha do que se espera de um falo
Acaso sou o fato?
Sou lance do que ocorre entre minhas quatro paredes?
Sou o resultado de quem deita ao meu lado?
Cuspe na face da hierarquia
Escarro no seio familiar.
Sou o acidente nas cartadas da vida
Não lembro como cheguei em casa
bebi a vida.
Eu
nunca disse “eu te amo” ao meu pai
Eu corri o risco de sorrir.
pular e dançar
vexar conceito
“ pensam de mim”.
Fui num parquinho infantil
de lá, pra cá
andei sozinho,
assisti TV,
apreciei uma mariposa
conferi extrato bancário
e entre um débito e uma transferência
fumei meu cigarro
zombei mentalmente de uma senhora com um decote
senti nojo da unha com micose do cara do supermercado
tive desejos mundanos
cocei o nariz
bebi cerveja
chutei uma tampa de garrafa
esperei os carros para atravessar a rua
fiquei nu
cantei sozinho em casa
comi lasanha de micro-ondas
percebi um “roxo” no joelho
tomei um calmante.
E o resultado?
Hoje eu me peguei encarando o teto.
A textura, a diferença de tonalidades.
Eu não escrevi lembretes e colei na porta da geladeira.
Momentos com o Pai
-
Como te alcançar oh Pai?
Como ser seu filho!?
Isso soa tão estranho quanto um filho perguntar ao Pai: Pai, como faço pra
me tornar seu filho?
O Pai ri e ...
Há 5 anos
Um comentário:
intenso como sempre. autêntico. a vida deixa marcas, meu caro. às vezes acho que me confundo (sou minhas próprias cicatrizes). e tomando ar, assim, de súbito, vemos quão frágeis somos diante de nossos pensamentos... amigo donato.
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