interessado em alguma bobagem

domingo, 17 de junho de 2012

lembretes e conceitos abolidos nos trilhos dos valores de um parque infantil

224933_431564253532558_1117558449_nEstou tentando me ater a esquecer conceitos

Da moral instituída

Dos valores estipulados

Empurrados goela abaixo.

Indigestos.

blo 1

Perdemos nosso tempo analisando o intangível

Felicidade

Tristeza

Saudade

quero ser gargalhada

quero salgar a terra com lágrimas

quero me arrepender do feito

quero marcas

cicatrizes

pele e gozo

blo 2

Procuramos o novo,

extraordinário.

 

Vale a pena?

 

Está ali

corriqueiro

vulgar

safado

trivial

bandido.

Tão banal e inútil

que escorrega

liso e raso.

 

Isentos de culpa,

Divagamos

deixamos nosso pensamento ao sabor do vento

Perambulamos entre caminhos intricados

numa dimensão que está dentro do arquivo das lembranças

Idealizamos demais.

Esquecemos que é isso.

Irresolutos de viver

fluidos e instáveis

deixamos escapar.

Momentos desinteressados.

blo3

 

do jeito que eu quis

e não da forma como os outros quiseram.

 

 

blo4

Ontem senti o pulsar do peito

abraço amigo.

Praça Cívica

adulto

demaquilei os dedos em riste

parquinho de criança

o vento no cabelo rijo

relevei o que os outros pensam

sobre trilhos

Sem escolhas

o vento feriu meu glamour de possuir pelo no púbis

 

Não havia felicidade

Havia sorriso

Havia verdade

Momento desinteressado.

 

O primeiro post deste blog foi intitulado ventava

no carrinho

sobre trilhos

 

“Ói, olhe o céu, já não é o mesmo céu que você conheceu, não é mais
Vê, ói que céu, é um céu carregado e rajado, suspenso no ar

Vê, é o sinal, é o sinal das trombetas, dos anjos e dos guardiões
Ói, lá vem Deus, deslizando no céu entre brumas de mil megatons

Ói, olhe o mal, vem de braços e abraços com o bem num romance astral

Amém.”

num parque infantil

ventava

sorrisos

lembranças

meu pai me acompanhou na primeira volta de montanha russa…

parque de interior de minas

 

frio no rosto

saudade de pai

de casa

resultado do passar do tempo

 

dos trilhos restou o gosto amargo de ressaca

nos trilhos

contrariamos

o conceito de pai com filho no colo

o conceito  “moral”

o conceito “família”

Minha camisa rosa sobrepondo regata azul

não era foco

inconvenientes olhares

tiros de 12

sussurros

os toques fugazes, tímidos e temerosos

ultraje

afronta

meu sorriso

inapropriado aos costumes

 

"conjunto de regras de conduta consideradas como válidas, éticas, quer de modo absoluto para qualquer tempo ou lugar, quer para grupos ou pessoa determinada" (Aurélio Buarque de Hollanda)

 

Dois homens

Duas mulheres

bocas marcadas por sorrisos sobrepondo lágrimas

marcadas por teor adulto

sujas

vulgares

sagazes

sedentas de socorro

aflitas por carinho

transfiguradas em abolição

da propriedade privada

“julgar”.

 

Úteros e falos

perto demais.

 

Ouvidos atentos

às bocas que pronunciam “Amém”

 

Ser diferente não é fácil

Combalido caminhar entre o conceito do certo

ser errado

mancha

Sou nódoa

Pecha do que se espera de um falo

 

Acaso sou o fato?

Sou lance do que ocorre entre minhas quatro paredes?

Sou o resultado de quem deita ao meu lado?

Cuspe na face da hierarquia

Escarro no seio familiar.

 

Sou o acidente nas cartadas da vida

Não lembro como cheguei em casa

bebi a vida.

 

Eu

nunca disse “eu te amo” ao meu pai

Eu corri o risco de sorrir.

pular e dançar

vexar conceito

“ pensam de mim”.

5

 

Fui num parquinho infantil

de lá, pra cá

andei sozinho,

assisti TV,

apreciei uma mariposa

conferi extrato bancário

e entre um débito e uma transferência

fumei meu cigarro

zombei mentalmente de uma senhora com um decote

senti nojo da unha com micose do cara do supermercado

tive desejos mundanos

cocei o nariz

bebi cerveja

chutei uma tampa de garrafa

esperei os carros para atravessar a rua

fiquei nu

cantei sozinho em casa

comi lasanha de micro-ondas

percebi um “roxo” no joelho

tomei um calmante.

6

E o resultado?

Hoje eu me peguei encarando o teto.

A textura, a diferença de tonalidades.

Eu não escrevi lembretes e colei na porta da geladeira.

Um comentário:

Anônimo disse...

intenso como sempre. autêntico. a vida deixa marcas, meu caro. às vezes acho que me confundo (sou minhas próprias cicatrizes). e tomando ar, assim, de súbito, vemos quão frágeis somos diante de nossos pensamentos... amigo donato.