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Eu estou feliz.
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Porque aquilo que não se pode tocar dói mais que a ferida mais profunda?
Ando com a alma inflamada.
Conviver é mais complexo que os cálculos mais abstratos
O abstrato das relações ocupa tempo
E apesar de “abstrato”, sabe fazer doer
Um ardido incomodo para o qual o analgésico é somente o enfrentamento.
Mas nem sempre a coragem de homem é suficiente
E eu que não tenho medo de vaca.
Tenho medo de morte
e de depois de morte.
Os subterfúgios permeiam a nossa existência
E essa evasão do que não se vê é impossível.
Quanto mais se esconde mais evidencia-se.
E não estar sozinho, dentro de si mesmo, cansa.
Exaurido
Tornei-me ténue frente o mundo.
O tempo leva-me vitalidade
E da experiência que obtenho só tenho sabido obter a fragilidade.
Não tenho mais aquele olhar determinado
Não tenho mais a vivacidade
Não tenho mais o gargalhar fácil
E do idealista?
Sobrou o mais real.
Será que este é o ator eu frente a um personagem de espetáculo frustrado?
Goiânia me apunhalou
cortando pontos de uma ferida ainda não cicatrizada.
Há o que nunca sara
E pensar mais que o usual é arrebatador
Mas a verdade é simples
Estou só
Só não: estou eu, meu álcool e meu cigarro.
E estar só frente a uma infinidade de relações vulgares
te torna excepcional
é como se ninguém percebesse
que por trás de abraço
por trás de carinho, beijo ou cafuné
há algo fétido
há “o que isso proporciona”
E mais egoísta do que beber cerveja sozinho
é pensar assim
é não permitir que invadam seu espaço
é não permitir-se sorrir.
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Escrevo isso em um papel de publicidade que encontrei num passeio solitário pela Praça Cívica.
Estou sentado em frente ao monumento às três raças
(não sei se este é o verdadeiro nome)
São 00:36 de uma noite de sexta
agosto
Hoje eu resolvi não ter companhias
Em casa, transcreverei integralmente no Momentos.
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