interessado em alguma bobagem

quinta-feira, 7 de abril de 2011

a fábula das cicatrizes de asas coloridas.

 

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A borboleta é considerada um símbolo de ligeireza e de inconstância, de transformação e de um novo começo.

As mariposas de colorações mais vibrantes habitam regiões tropicais, e muitas delas podem ser venenosas, como é o caso da Campylotes kotzchi, nativa da Índia. Essa espécie se alimenta de folhas tóxicas e absorvem um pouco do veneno - é assim que ela escapa do cardápio dos pássaros.

 

Nosso “mercado” tem sido alvo de muitos corvos, urubus e gaviões, que tem o poder instituído por uma comunidade imensa de pardais.

Insossos, os pardais contentam-se com pouco, tão pouco que constroem suas casas nos vãos dos beirais e esquecem o quão linda seria a construção em ambientes mais pitorescos distantes da poluição urbana.

Num mercado de valorização do corpo, deveras alienado, as borboletas temiam o mundo fora do casulo.

Um urubu, renomado deputado, num momento não singular, pensa ser galo e na onda do rouxinol expõe o mais putrefato dos cantos.

Tal qual mágica, os casulos tomaram sua forma mais combalida. E algumas daquelas lagartas que tinham experimentado das mais diversas substâncias tóxicas, ressurgiram, sublimes, com asas coloridas, entretanto marcadas por cicatrizes.

E neste mercado tomado pela cultura ao corpo, algumas destas criaturas mostraram algo a mais.

Algumas que souberam se alimentar do tóxico, tem mostrado cores vibrantes e cada gota da cicuta amarga da vida.

Os pardais, não mais tão insossos, descobriram que os limites da selva de pedra não eram suficientemente cartesianos.

Numa evolução constante, a comunidade resolveu mostrar sua variedade de bicos. Vários descobriram que são gaviões, urubus e corvos. Entretanto vários descobriram o voo longo da gaivota, o mergulho sublime dos martins, o andar desengonçado dos pinguins, a imponência dos cisnes, a alegria das maritacas.

Alguns continuam a ser pardais e só pardais.

Outros descobriram como é lindo o canto do canário belga e tem anunciado a chegada de um mundo sem gaiolas e arapucas.

A grande maioria deles descobriu que estas novas borboletas possuem asas frágeis, de uma cor vibrante, que podem envenenar o mundo, mas que só querem voar por ai.

“Borboleta pequenina saia fora do rosal”

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In a parallel context:

Esta foi uma das postagem de mais difícil denominação. Vale a pena listar as variantes:

  • pássaros coloridos
  • as asas invisíveis
  • o ninho das borboletas
  • quando um pardal sofre metamorfose
  • o veneno para os corvos
  • as penas das borboleta
  • o canto do canário sobre a carniça
  • o fim das gaiolas das borboletas
  • casulos combalidos
  • a instabilidade do mercado quando há uma “borboleta pequenina que vem para nos saudar…”.

2 comentários:

izani disse...


Lindinho, o que mais amei, foi ver que vc voltou a escrever.
Gosto de tudo que vem do seu interior,só não gosto quando está triste.







































izani disse...


Lindinho, o que mais amei, foi ver que vc voltou a escrever.
Gosto de tudo que vem do seu interior,só não gosto quando está triste.