A borboleta é considerada um símbolo de ligeireza e de inconstância, de transformação e de um novo começo.
As mariposas de colorações mais vibrantes habitam regiões tropicais, e muitas delas podem ser venenosas, como é o caso da Campylotes kotzchi, nativa da Índia. Essa espécie se alimenta de folhas tóxicas e absorvem um pouco do veneno - é assim que ela escapa do cardápio dos pássaros.
Nosso “mercado” tem sido alvo de muitos corvos, urubus e gaviões, que tem o poder instituído por uma comunidade imensa de pardais.
Insossos, os pardais contentam-se com pouco, tão pouco que constroem suas casas nos vãos dos beirais e esquecem o quão linda seria a construção em ambientes mais pitorescos distantes da poluição urbana.
Num mercado de valorização do corpo, deveras alienado, as borboletas temiam o mundo fora do casulo.
Um urubu, renomado deputado, num momento não singular, pensa ser galo e na onda do rouxinol expõe o mais putrefato dos cantos.
Tal qual mágica, os casulos tomaram sua forma mais combalida. E algumas daquelas lagartas que tinham experimentado das mais diversas substâncias tóxicas, ressurgiram, sublimes, com asas coloridas, entretanto marcadas por cicatrizes.
E neste mercado tomado pela cultura ao corpo, algumas destas criaturas mostraram algo a mais.
Algumas que souberam se alimentar do tóxico, tem mostrado cores vibrantes e cada gota da cicuta amarga da vida.
Os pardais, não mais tão insossos, descobriram que os limites da selva de pedra não eram suficientemente cartesianos.
Numa evolução constante, a comunidade resolveu mostrar sua variedade de bicos. Vários descobriram que são gaviões, urubus e corvos. Entretanto vários descobriram o voo longo da gaivota, o mergulho sublime dos martins, o andar desengonçado dos pinguins, a imponência dos cisnes, a alegria das maritacas.
Alguns continuam a ser pardais e só pardais.
Outros descobriram como é lindo o canto do canário belga e tem anunciado a chegada de um mundo sem gaiolas e arapucas.
A grande maioria deles descobriu que estas novas borboletas possuem asas frágeis, de uma cor vibrante, que podem envenenar o mundo, mas que só querem voar por ai.
“Borboleta pequenina saia fora do rosal”
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In a parallel context:
Esta foi uma das postagem de mais difícil denominação. Vale a pena listar as variantes:
-      pássaros coloridos
-      as asas invisíveis
-      o ninho das borboletas
-      quando um pardal sofre metamorfose
-      o veneno para os corvos
-      as penas das borboleta
-      o canto do canário sobre a carniça
-      o fim das gaiolas das borboletas
-      casulos combalidos
-      a instabilidade do mercado quando há uma “borboleta pequenina que vem para nos saudar…”.
 

 
 
 
 
 
2 comentários:
Lindinho, o que mais amei, foi ver que vc voltou a escrever.
Gosto de tudo que vem do seu interior,só não gosto quando está triste.
Lindinho, o que mais amei, foi ver que vc voltou a escrever.
Gosto de tudo que vem do seu interior,só não gosto quando está triste.
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